Gustavo Leite
O licenciamento ambiental brasileiro ainda sofre com entraves históricos como lentidão, burocracia, falta de transparência e baixa integração entre iniciativas de combate às mudanças climáticas. Esses fatores geram atrasos, custos elevados e desconfiança pública sobre a eficácia das políticas ambientais. Nesse cenário, a adoção de tecnologias inovadoras torna-se urgente para garantir processos mais eficientes e confiáveis.
A tecnologia blockchain surge como uma solução promissora. Por registrar dados de forma segura, imutável e transparente, ela pode transformar o licenciamento ambiental, permitindo que todas as etapas do processo sejam auditáveis e acessíveis ao público. Além disso, sensores instalados em campo podem assinar digitalmente os dados de monitoramento ambiental, registrando-os em tempo real na blockchain, o que aumenta a confiabilidade das medições e facilita auditorias e fiscalizações.
Casos internacionais comprovam sua eficácia. Na Estônia, a integração de serviços públicos por meio de blockchain aumentou a segurança e transparência dos dados. Iniciativas como o projeto Digital MRV (Canadá e Chile) e a Power Ledger (Austrália) usam a tecnologia para monitoramento de emissões e comercialização de créditos de carbono, com excelentes resultados.
Para aplicar essa inovação no Brasil, é necessário a criação de parcerias público-privadas e consórcios estaduais, além de aproveitar experiências como a do Instituto Ecossis com o Inmetro. Entre os cenários possíveis de uso estão: uma plataforma transparente de licenciamento, sistemas de rastreamento automatizado das condicionantes ambientais e a tokenização de ativos ambientais, como créditos de carbono.
A adoção de blockchain no licenciamento exige ações estratégicas como criação de sandboxes regulatórios, programas de capacitação técnica, estímulo a políticas integradas e apoio de instituições de pesquisa. Com isso, o Brasil pode dar um salto em governança ambiental, tornando seus processos mais ágeis, confiáveis e sustentáveis.
*Gustavo Leite é biólogo com pós graduação em Direito Ambiental e Internacional, CEO e fundador da Ecossis Soluções Ambientais e presidente do Instituto Ecossis.


Ainda não há comentários.
Veja mais:
Produzimos com transparência e eficiência, diz Pivetta ao rebater críticas
Show do Guns: maioria dos turistas é do Centro-Oeste e interior
Bancos devem encerrar contas laranja e de apostas virtuais ilegais
Em Cáceres: Operação da Polícia Militar derruba facção criminosa
Mercado financeiro reduz previsão da inflação para 4,56%, em 2025
Senador Wellington Fagundes confirma pré-candidatura ao Governo
O Prêmio Nobel da Paz e a democracia
Atraso na entrega: TJ condena construtora a indenizar comprador
Michel Temer é o primeiro-ministro da articulação no cenário político atual
O autocuidado começa muito antes do diagnóstico