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O imbróglio envolvendo a vacinação de jornalistas de MT contra Covid-19

  • Em Geral
  • 21/05/2021 12:05:19

Foto: Luiz Alves - Sicom  - Foto: Foto: Luiz Alves - Sicom Estado registrou entre março de 2020 a maio de 2021 a infecção de quase 200 profissionais e 14 mortes. Os que sobreviveram sofrem com as sequelas
*Fátima Lessa/Especial

A vacinação da categoria dos trabalhadores da comunicação de Mato Grosso dentre eles radialistas e jornalistas tem sido a pauta não apenas dos próprios trabalhadores, mas também de deputados, prefeitos e vereadores.

Assim, enquanto não há uma efetivação, o que existe, um ano depois do primeiro caso confirmado de uma jornalista infectada pela Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS- Covid 2) a Covid-19, em 14 de maio de 2020, são simplesmente intenções, solicitações e indicações.

A mais nova indicação partiu de três vereadores da câmara municipal de Primavera do Leste, a 239 km de Cuiabá, onde já foram registrados cinco casos de jornalistas infectados e um deles é o vereador Luizinho Magalhães também apresentador de um programa jornalístico na televisão naquele município.

Luizinho que teve 80% do pulmão comprometido estar hospitalizado desde o dia 10. Ao lado dele, também infectado, está o seu assessor parlamentar que durante muitos anos exerceu também a função de repórter cinematográfico no programa de televisão do vereador.

Na indicação encaminhada ao prefeito Leo Bortolin (MDB), os vereadores destacam que “é necessário o reconhecimento de que os profissionais da imprensa desempenham atividades essenciais à população desde o início da pandemia, em função da necessidade de informar e dar publicidade aos atos praticados pelos governos”. A indicação foi assinada pelos vereadores Vanessa Amui de Melo (MDB), José Paulo Zancanaro (MDB) e Luís Costa (PDT).

Segundos os vereadores, “a intenção dessa indicação é que Primavera do Leste priorize esse público que está na linha de frente”. Para justificar o pedido, os vereadores usaram dados coletados por nós e veiculados n Gazeta no dia 2 de abril, sobre as mortes de jornalistas, “quase 15 jornalistas morreram”, disseram. Para eles, os números mostram que a situação no estado não é diferente dos outros estados.

A nossa atualização de dados, nesta segunda-feira, 18, mostraram que Mato Grosso registrou entre o início da pandemia em março de 2020 a maio deste ano, a infecção em torno de 200 trabalhadores da área. Deste total, 14 morreram, sendo quatro mortes ao longo de 2020 e dez este ano. Muitos em coma foram intubados, ficaram em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) de hospitais da capital e do interior, e poucos resistiram.
Segundo dados da Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj) em 2021 houve um aumento na média diária de mortes por mês de 28,6 com relação a 2020 quando a média foi de 8,5. A doença mata um jornalista por dia, segundo a Fenaj.

O primeiro caso e a primeira morte

A vítima do primeiro caso confirmado de infecção por Covid-19 em Mato Grosso sobreviveu depois de duas semanas internada, período no qual foi intubada, saiu do hospital no dia 1º de junho. O segundo caso confirmado, nove dias depois da recuperação da jornalista, a vítima foi o radialista de Rondonópolis, Paulo Iran, que morreu, depois de 18 dias internados, em 27 de junho.

A corrida para vacinar jornalistas

Aumento de casos de morte e de infectados de trabalhadores dessa categoria pela Covid-19 acendeu uma luz amarela e provocou uma verdadeira corrida pela inclusão desse trabalhadores como prioridade na lista de vacinação.

Na Bahia, a Comissão Intergestores Bipartite (CIB) decidiu, segunda-feira, pela inclusão dos jornalistas com idade superior a 40 anos na vacinação contra Covid-19.

*Mato Grosso do Sul*, o secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende, decidiu incluir jornalistas no grupo prioritário da vacina, o Ministério da Saúde negou a inclusão.

*Teresina, Piaui* no dia 14 de abril, vereadores da Câmara Municipal, aprovaram a inclusão de jornalistas, cinegrafistas nos grupos prioritários de vacinação contra a Covid-19.

*Mato Grosso,* no dia 5 de abril, o deputado estadual delegado Claudinei (PSL) solicitou a inclusão da categoria como grupo prioritário para receber a vacinação. Ele usou os dados do artigo publicado na Gazeta, no dia 2 de abril : *Covid-19 agrava adoecimento e mata jornalistas em Mato Grosso* em sua justificativa.

*Cuiabá*, no dia 17, o prefeito Emanuel Pinheiro (PMDB) anunciou a abertura do cadastramento para vacinação de todos os jornalistas de Cuiabá. Logo em seguida, o secretário de Saúde do Estado, em entrevista aos jornalistas, disse que os prefeitos que abrirem a vacinação contra a Covid-19 para grupos sem autorização do Ministério da Saúde, “poderão responder criminalmente”.

O presidente da junta administrativa do Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso, o jornalista Itamar Perenha, não desanima e tem batido em todas as portas pela inclusão da categoria nos grupos prioritários de vacinação.

Assim, enquanto ficamos nas intenções, solicitações e indicações jornalistas estão adoecendo e morrendo.



Fátima Lessa é jornalista com mestrado em Política Social pela UFMT.




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