Maria Inês Vasconcelos
A saúde mental dos bancários denuncia exploração. Bancos como Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Itaú e Santander registraram aumento de 168% no número de afastamentos por transtornos mentais em 10 anos, passando de 5.411 em 2014 para 14.525 em 2024. Constata-se que existe um número considerável de bancários enfrentando afastamentos por questões de saúde mental e estresse ocupacional.
Diante desse cenário, que é marcado por muitos vetores alienantes, uma dissonância claudicante opera sobre os bancários. De um lado temos os bancos como força motora do desenvolvimento econômico brasileiro, de outro o bancário adoecendo. Não podemos olhar as atividades dos bancos de forma dispersa e fragmentada. Eles precisam integrar-se não só à economia brasileira, mas também ao tecido social.
Sem slogans e sem campanhas ou nuvens, os bancos mesmo com lucros exorbitantes - o Itaú por exemplo ultrapassou a cifra de R$ 22 milhões revelando a importância das instituições financeiras para economia brasileira, estão fechando centenas de agências físicas em todo o país, inclusive agências de cidades do interior do Brasil. Hoje, os riscos para a categoria são enormes, o avanço do crime organizado acoplado a falta de alinhamento com a gestão tornou atividade perigosa.
Está difícil para o banco emprestar dinheiro ao correntista, como também está difícil cobrar dívidas. É preciso haver uma descompressão para aliviar as tensões que comprime a cena do trabalho. Os bancos são agentes sociais que interagem com stakeholders, por isso, suas operações afetam diretamente a comunidade em que estão inseridos, influenciando questões sociais e ambientais. Se faz necessário que agências bancárias, além de dar lucros, minimize impactos negativos, e ações maximize benefícios sociais.
A velha lógica sobre a ideia de que o capital ao se acumular e se valorizar, não ressurge. O trabalho revela sua natureza exploratória ao sacrificar o trabalho humano em busca de lucro, é o panorama vivido pelos bancários. Em síntese, isso quer dizer que a sociedade muitas vezes revive os mesmos erros do passado como se fosse uma imitação caricata.
Os bancos sempre deram lucros, a questão é saber de que forma empregam esses lucros. Há alguma ironia aqui, pois os bancos muito embora convivam com a livre iniciativa do estado democrático do direito, também estão alinhados com o valor social do trabalho e dignidade. "A história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa - Karl Marx”.
Maria Inês Vasconcelos é advogada Trabalhista e escritora.
Ainda não há comentários.
Veja mais:
TCE alerta sobre mudanças da Reforma Tributária a gestores municipais
Bolsonaro condenado: e agora?
Setembro Amarelo: a comunicação como ponte para a valorização da vida
Governo divulga lista de produtos prioritários do Brasil Soberano
Governador acelera agenda de entregas com destaque à Educação
Audiência pública: AL debate índices de feminicídio no Estado
Operação da PM apreende 41 tabletes de supermaconha em MT
Operação da PF mira rede de pedofilia virtual em Barra do Garças
Forças de Segurança apreendem 300 kg de pasta base de cocaína
PC desarticula esquema milionário de pirâmide financeira