Semana passada foi publicada a Lei com a nova estrutura organizacional do Poder Executivo do Estado e por querer que o meu querido Mato Grosso se desenvolva, me manifesto. Penso que certas incongruências vão agravar um pouco mais a situação, começando pela junção da Secretaria de justiça com a de Segurança, modelo que já foi testado diversas vezes e não funcionou. De fato, estas junções e extinções,acabam trazendo gastos e prejuízos para a máquina pública,jamais economia. Vou explicar o porquê.
Comecei minha carreira na iniciativa privada, depois fui para o judiciário e finalmente cheguei a administração pública do Estado. O tamanho da burocracia e morosidade que encontrei foi desesperador. Cheguei na época em que foi implantadaa centralização da execução com a criação dos Núcleos Sistêmicos. Desde o início me manifestei nos processos de forma a desburocratizar ao máximo possível os procedimentos,sempre defendendo o caminho da celeridade. A luta de tornar os processos o menos demorado possível começouquando assessora e terminou quando Secretária Adjunta de Administração Sistêmica. Neste tempo encontreio grande vilão dessa história, o sistema de gestão.
No inicio do governo Pedro Taques, em 2015, depois de quase 5 anos como adjunta decidi continuar no cargo. Em nosso primeiro encontroalertei: “governadornão se esqueça de mudar o modelo de gestão do estado, pois o atual foi criado para favorecer a corrupção.” Taques realizou inúmeras mudanças. Vieram então as primeiras decisões, as segundas e nada de se mudar o modelo de gestão, o resultado nós conhecemos.
Ao estudar a proposta administrativa do Governador Mauro Mendes, vejo que ele pode incorrer no mesmo erro de Pedro Taques, chegou propondo uma série de mudanças, mas esquecendo do principal, mudar o modelo de gestão, um sistema de centralização, sem controle, excesso de burocracia, excesso de poder nas mãos de alguns e pires nas mãos de outros.
Já dizia o poeta que o poder é efêmero e concordo plenamente, pois o que tem enterrado o nosso Mato Grossosão as pessoas que não estão preparadas para assumir o “poder” e em nome dele, travam a máquina e nada acontece, enquanto isso nós cidadãos pagamos a conta.
A centralização excessiva impede que as coisas aconteçam, amarra,engessa e ao mesmo tempo traz enormes prejuízos para a administração pública, que somada a falta de controle,facilita a corrupção,pois os sistemas não são integrados. Chega a ser incoerente um Estado que alega dificuldades financeiras e devolve recursos federais porque não consegue licitar. Tudo isso acontece pela incapacidade de execução provocada pelo engessamento da máquina, ou seja, o modelo de gestão.
Sempre defendi e vou continuar defendendo uma reforma administrativa quetraga resultados e neste sentido o Estado de Mato Grosso está andando na contramãode tudo que é recomendado ao bom administrador. Pedro Taques teve a dica e ignorou, agora Mauro Mendes não pode ignorar que a mudança no modelo de gestão é o que nosso estado precisa. Sei que muitos poderão ficar contra, mas se tivermos um novo sistema de gestão,com certeza o estado de Mato Grosso inteiro sairá ganhando.
Alguém precisa lembrar o governo que a junção das Secretarias de justiça e Segurança foi um modelo tentado sem sucesso em outras administrações. De lá para cá nada mudou, então de fato esta deve ser mais uma tentativa frustrada que trará gastos agora e depois. Como gestora acompanhei de perto a ultima vez que as duas secretarias funcionaram juntas e participei ativamente do processo de separação das estruturas. Na minha opinião este assunto nem deveria ocupar as poucas forças do governo nesse inicio de mandato. Na melhor das hipóteses estamos perdendo tempo, na pior delas só Deus sabe o tamanho do prejuízo que nos cidadãos vamos amargar. Daqui a pouco vão querer reinventar a roda.
Sirlei Theis é Advogada, especialista em gestão pública
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