Colégio Eleitoral, criado na UFMT, definiu que a eleição para a Reitoria será no dia 24 de julho. Os nomes da lista tríplice devem estar em Brasília até 12 de agosto.
Entidades representativas de estudantes, professores e técnicos administrativos da instituição foram contra a realização da eleição neste momento por causa da pandemia. Contra também a eleição não ser presencial.
Existe receio de que se não tiver nomes indicados até a data prevista, o MEC poderia nomear um interventor que, sentado na cadeira de Reitor, teria muita força numa futura eleição.
Nessa eleição acaba o voto paritário, em que votos dos estudantes, técnicos e professores tinham peso igual. Agora o voto do professor valerá 70%, dos estudantes e funcionários 15% cada. Isso, óbvio, tem influência na eleição.
Com voto majoritário de professor pode entrar na lista tríplice nome ou nomes de professores mais do lado conservador. Alunos, no geral, votam em candidatos da ala mais progressista.
Há exigência de lista tríplice porque chegou a ser aventado, não só nesta Universidade, que se mandasse para Brasília somente o nome do mais votado na eleição. Agora tem que ir três nomes. Aí talvez esteja a intenção do governo federal.
Numa lista tríplice, com voto majoritário de professores, pode ter nomes mais conservadores. Na hora da escolha, não se obedeceria a tradição de indicar o mais votado ou o cabeça da lista. Seria escolhido qualquer um dos três nomes e pode ser alguém com pensamento e atitudes mais conservadoras.
Se ocorrer isso, no caso da UFMT, seria uma mudança de rumo pelo que vem ocorrendo ali nos últimos anos em que foram eleitos candidatos mais do lado progressista.
Mas, mesmo que for escolhido um do lado conservador, não dá para fazer grandes alterações nas andanças internas da instituição. É que existem os Conselhos onde tudo praticamente é decidido. Mudar isso tomaria tempo.
Tem um assunto, não só há UFMT, mas em tantas universidades públicas que, imagino, deve ter feito parte do debate eleitoral. Seria a abertura maior da Universidade para o tal do mercado na busca de recursos para pesquisas. Frente à penúria de recurso público para pesquisa, os que defendem esse ponto de vista querem um entrosamento maior nessa área com o setor privado.
Desde algum tempo, frente à crise econômica nacional, vem diminuindo recursos para pesquisas nas universidades. Nesta, como em outras, tem um número alto de doutores e pesquisadores. Que, sem recursos, tem dificuldades de tocar novas pesquisas.
Os que defendem na UFMT essa aproximação com o mercado mostram que o recurso entrando na Fundação Uniselva, ela poderia ajudar outras pesquisas sem recursos, além daquela que conseguiu o financiamento.
Esse assunto vai ter que ser enfrentado se o dinheiro público para pesquisa continuar minguando. E o futuro Reitor ainda terá que conquistar a confiança do setor privado na busca desse entrosamento e também parte dos professores e alunos que não concordam com essa abertura.
Alfredo da Mota Menezes é Analista Político.
E-mail: pox@terra.com.br Site: www.alfredomenezes.com.br
Ainda não há comentários.