Neste Dia dos Pais, enquanto celebramos os homens que têm a responsabilidade de guiar e proteger seus filhos, não podemos ignorar a realidade dolorosa que continua a afligir milhares de mulheres e suas famílias em nosso país. Ser pai é uma honra e um dever, mas o que acontece quando a tragédia golpeia sem aviso, destruindo o que há de mais precioso?
O deputado Gilberto Cattani vive essa realidade de forma devastadora. A perda brutal de sua filha, Raquel Cattani, vítima de feminicídio, ordenado pelo próprio ex-marido, revela uma falha profunda em nossa sociedade e em nosso sistema de justiça. Precisamos ser solidários com a dor profunda desse pai, que encontrou sua filha assassinada, esfaqueada e espancada, em um cenário que nenhum ser humano deveria enfrentar. Nenhum filho deveria sentir a dor de viver com o pai, responsável pela morte de sua mãe.
Neste Dia dos Pais, enquanto honramos os homens que desempenham com amor e dedicação o papel de pai, também precisamos elevar nossa voz em defesa da segurança das mulheres. O exemplo de Cattani, que agora assume a responsabilidade de criar seus netos, nos inspira a continuar lutando por um futuro onde o amor, a proteção e o respeito prevaleçam.
Este crime horrível nos força a encarar a dura verdade: estamos falhando em proteger nossas mulheres. O feminicídio, assim como qualquer crime contra a mulher, precisa ser punido com a severidade que merece. A impunidade, a lentidão e a falta de rigor nas leis criam um ambiente onde o agressor se sente encorajado a agir, sabendo que as consequências podem ser leves ou até inexistentes.
Como mulher, mãe e figura pública, não posso deixar de me solidarizar com o sofrimento de Gilberto Cattani. A dor desse pai nos lembra da urgência de lutarmos por leis mais severas e por um preparo real para que as mulheres possam se defender do feminicídio. Nossa sociedade precisa de uma resposta firme e determinada para que tragédias como essa não se repitam. É inadmissível que tantas mulheres ainda estejam em risco, vulneráveis às mãos de agressores que não são devidamente punidos.
Mas a questão não se resume apenas à punição. Precisamos olhar para as nossas unidades de saúde, que muitas vezes se mostram despreparadas para oferecer o amparo necessário às mulheres que já são vítimas de violência. Onde estão os serviços de apoio psicológico, o atendimento especializado e o suporte sistêmico que essas mulheres tanto necessitam? Em muitos casos, essas vítimas, após sofrerem violência, enfrentam um sistema de saúde que não as acolhe, que não oferece o suporte psicológico necessário para lidar com o trauma, nem as orienta sobre como se proteger de futuras agressões.
O caso de Raquel Cattani, uma mulher que perdeu a vida nas mãos de um homem, pai de seus filhos, que deveria ser seu parceiro, é um exemplo cruel de como a falta de ação e de apoio pode levar a consequências trágicas. Como mulher política, eu clamo por mudanças imediatas. Precisamos de um sistema de justiça que seja implacável com os agressores, que reconheça a gravidade dos crimes contra a mulher e que aplique punições exemplares.
Além disso, é imperativo que nossas unidades de saúde estejam equipadas para oferecer não apenas cuidados médicos, mas também apoio psicológico e um caminho claro para a proteção e recuperação dessas mulheres. Precisamos de políticas públicas que integrem saúde, segurança e justiça, criando uma rede de proteção real e eficaz.
Neste Dia dos Pais, ao honrarmos os homens que desempenham o papel de pai com amor e responsabilidade, não podemos esquecer as muitas mães, filhas e irmãs que continuam a sofrer nas mãos de agressores. Que a história de Gilberto Cattani e sua filha Raquel nos sirva de alerta e nos impulsione a agir. Que possamos lutar, com determinação e empatia, por um futuro onde nossas mulheres estejam seguras, onde nossos pais não precisem enterrar suas filhas e onde a justiça seja finalmente alcançada.
Manu Monteiro é gestora do agronegócio e direito pré-candidata a vereadora por Cuiabá.
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