Não é novidade que olhos atentos passam mais tempo direcionados para as telas do que para a realidade. E como isso afeta a infância de quem vive em tempos digitalizados?
Segundo estudo realizado pela Universidade de Oxford e publicado recentemente na revista científica Infancy, concluiu que efeitos do uso de telas por longos períodos podem incluir desde atrasos cognitivos e dificuldades específicas para administrar emoções até problemas físicos de crescimento.
A falta de percepção dos adultos dos riscos causados pelos eletrônicos nas crianças é tanta que nem mesmo ele ou ela consegue enxergar que também abusa das telas.
Mesmo com tantos alertas médicos de que tecnologia demais afeta nossa saúde física e mental ignoramos, afinal é inegável seus benefícios a vida moderna.
Nossas infâncias precisam ser marcadas por momentos de ócio, de contato com a natureza, de frustrações; E principalmente de relacionamentos com afeto e proteção. Já parou pra pensar como a infância de hoje chega a ser pobre de vivencias porque o único canal condutor com ser uma criança é pela tela?
Aquela máxima de que criança que não dorme bem, não cresce direito continua valendo. E telas atrapalham o sono.
É durante o sono que os ossos fortalecem, que o cérebro se desenvolve, que protegemos o sistema imunológico e o mais importante, é quando fixamos a memoria. Criança que abusa das telas além de ter saúde física frágil vai ter saúde mental abalada.
Então como podemos expor menos as crianças as telas se nós mesmos somos seduzidos por ela o tempo todo?
Regras como zero telas nos quartos e na hora da refeição não vão ser eficazes se os pais não aderirem a essa atividade também.
Antes de estabelecer qualquer regra ela precisa ser combinada com as crianças.
Ter menos telas na infância é totalmente possível. Mas exige disciplina, porque praticas comportamentais vão ser bem-sucedidas vão ter dias de acertos e dias de erros.
Mas como?
Em casa:
No lar as regras sobre uso devem ser claras para as crianças e mais claras para os adultos, pois é no exemplo que elas vão buscar suporte para uma referencia. Se tiver dificuldades escreva num painel fácil aos olhos de todos, inclusive os dos adultos.
Nas refeições e nos quartos as telas devem ser itens proibidos, porque além de afetar nossa relação com o alimento prejudicam nossa relação com o descansar.
Lembre-se cérebro que não descansa, não se diverte, não cria memorias e não produz.
Outro argumento de restrição as telas no quarto é o fator isolamento, existe uma geração de crianças jovens vivendo em solidão em seus quartos e isso causam ansiedade, depressão e suicido.
No trabalho:
Você pode ser gentil e delimitar seu tempo de trabalho.
Pode conversar com seu superior e dizer que esta implantando medidas de uso consciente de tecnologia em casa, e que em caso de emergência você deve ser procurado por um telefonema ou vídeo chamada. Fora isso na sua rotina em casa suas mensagens, apps e e-mail estarão no modo off.
Pode parecer radical, mas impor limites de horas a disposição de seu trabalho vai lhe render tempo para outras atividades.
Na escola:
Pais, mães e responsáveis precisam estar em sincronia para criar espaços de aprendizado e desenvolvimento e informar a escola que seus filhos tem uso consciente de telas e que o manejo de smartphone, tablets e pc é programado.
Não tenham medo de limitar o uso da tecnologia, segundo a Tic kids 2021 as crianças e jovens passam a maior parte do tempo usando telas para entreter e não para estudar ou aprender algo novo.
Com mais tecnologias iniciadas na infância não estamos construindo relacionamentos melhores, nem ensinando mais e tão pouco construindo cidadãos mais éticos e justos. Por isso o uso consciente das telas começa pelos pais que restringem o uso nas crianças.
A rotina de manejo da tecnologia em casa será feita de erros e acertos, mas o mais importante é que seja feita com disciplina, amor e espaço para conversas.
E lembre-se criança que não dorme adequadamente, não crescem direito, não fortalecem os ossos, não criam memorias e não tem saúde mental boa.
Você quer isso para o seu filho ou filha?
Maria Augusta Ribeiro é especialista em comportamento digital e Netnografia. Belicosa.com.br
Ainda não há comentários.