• Cuiabá, 23 de Novembro - 00:00:00

Ferrovia, ferrovias

         Assisti na manhã de ontem encontro do Fórum Pró-Ferrovia, na sede da Federação do Comércio, coordenado por Francisco Vuolo, filho do ex-senador Vicente Vuolo, autor do projeto no distante ano de 1976.

         A discussão girou em torno de alguns temas: o prolongamento da ferrovia de Rondonópolis até Sorriso; a instalação de um terminal de cargas em Cuiabá; a prorrogação da  concessão do trecho paulista da ferrovia hoje dirigida pela empresa Rumos.

         Os três pontos são delicados e complexos.  Não gostaria de discuti-los aqui, porque já foram debatidos em muitas ocasiões e a evolução não andou.

         Gostaria de traçar alguns pontos que na minha visão seriam os reais objetivos estratégicos sobre esse tema. Vou citá-los um a um pra poder raciocinar por partes.

         1 – o assunto é complexo e importante demais pra ser deixado só nas mãos dos governos, dos parlamentares estaduais e dos interesses econômicos.

         2 – todas as instituições públicas e privadas de Mato Grosso estão desconectadas do assunto. Ou, se estão conectadas, é de maneira amadora.

         3 – a logística de Mato Grosso é muito clara: no futuro próximo quem detiver o poder sobre os transportes terá o poder político no Estado.

         4 – Em 2028 a estimativa do Instituto Mato-grossense de Economia Agropécuária – IMEA, é de que em 2028 Mato Grosso produzirá cerca de 108 milhões de toneladas de grãos. É uma montanha de produção. Em 1990 o Brasil todo produziu 56 milhões de toneladas. Serão dois Brasis.

         5 – Uma produção desse tamanho não passará despercebida ao mundo e aos negócios mundiais. Aliás, a economia mundial tem mais informações sobre Mato Grosso do que todas as nossas instituições.

         6 – Essa produção está atraindo e atrairá cada dia mais os interesses mundiais de dominação dos meios de transportes e de toda a infraestrutura no Centro-Oeste e em Mato Grosso especialmente. Nota: na maioria serão interesses predatórios.

         Concluo: discutir esse tema e outras da mesma relevância não pode ser feita somente pelos governos, pelos políticos e nem pelas empresas. É negócio. Mas estamos falando do futuro. Os erros estratégicos de agora terão peso irrecuperável no futuro. E estamos errando de forma primária!

 

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso

onofreribeiro@onofreribeiro.com.br    www.onofreribeiro.com.br...



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