Por que as próximas três semanas do ano são cruciais para a sobrevivência de empresas com faturamento entre R$ 3 milhões e R$ 100 milhões?
É isso mesmo, é agora que você define se vai começar 2026 ganhando ou perdendo. Não tem meio termo porque o resultado que está para acontecer de agora até 31 de dezembro é, em grande parte, ou até mesmo na totalidade, dependendo do setor, fruto do trabalho realizado nos meses anteriores. Portanto, o líder responsável está ocupado em antever 2026 e preparar o seu time e sua empresa da melhor maneira possível.
Visão clara, objetivos concretos e mensuráveis, estratégias bem comunicadas, planejamento adaptável, time flexível e capacitado, com mentalidade e ferramental corretos, isso tudo, posso garantir, é condição mínima necessária para o sucesso, ou a sobrevivência, se quisermos pintar em cores mais forte, em 2026. Mas, infelizmente, não suficiente, e esse é o maior risco de grande parte das empresas entre R$ 3 milhões e R$ 100 milhões de faturamento.
A condição suficiente para o sucesso, num ano de tantos desafios como 2026, será a capacidade de execução, também chamada disciplina de execução, ou seja, a capacidade real que uma empresa tem de levar seus planos a cabo, de realizar aquilo que vislumbrou e planejou, de fazer aquilo tudo que descrevo no parágrafo anterior se transformar em resultado e valor entregue para os stakeholders: clientes, acionistas, colaboradores, entre outros.
O ano começa e também inicia o período de testes e transição da reforma tributária, cuja conclusão está prevista para 2033. Bem, isso, por si só, já seria desafiador para muitas empresas, mas não para por aí. Também teremos Copa do Mundo, eleições e mais feriados prolongados, deixando um número de dias úteis significativamente menor se comparado a 2024.
Ufa, então é "só" as empresas se prepararem para tudo isso, e garantirmos uma ótima capacidade de execução, que vai dar tudo certo? Sim, e não.
Soma-se a isso tudo os já desafiadores temas de adoção e maturidade no uso de tecnologia, notadamente a inteligência artificial, entrada ainda maior da geração Z no mercado de trabalho, dando mais peso ao uso da tecnologia, à necessidade de transparência nas relações e à maior clareza de propósito das organizações, sem falar da flexibilidade desejada para trabalhar de casa ou no modelo de trabalho híbrido.
Vale mencionar que as transformações cada vez mais consolidadas na forma de consumo e de se relacionar entre pessoas e entre empresas engrossam o caldo do desafio empresarial, fazendo organizações se adaptarem ao on-line e, muitas vezes, ao mobile first, que significa otimizar os canais de atendimento para quem os acessa via dispositivos móveis, como celulares inteligentes e tablets. E algo mais recente, que vem ganhando muita força, que é o social first, que posiciona as mídias sociais não apenas como um canal de distribuição, mas no centro do debate estratégico, e ponto de partida para todas as demais ações.
Devemos também mencionar as fortes transformações pelas quais o marketing e a área de vendas das empresas, não apenas de consumo, mas em praticamente todos os setores da economia, têm passado nos últimos anos. As redes sociais, os criadores de conteúdo e influenciadores digitais e o próprio uso da IA nesse processo têm proporcionado um dinamismo que há poucos anos não se via.
Da mesma forma, as perspectivas são de crescimento para as atividades de fusões e aquisição no mercado brasileiro em 2026, ampliando a janela de oportunidade, mas também fazendo com que as empresas que pretendam participar de fusões ou aquisições tenham que se preparar em termos de gestão e processos. Do contrário, ficarão de fora.
Voltando ao sim e ao não retórico, de parágrafos acima. Empresas dessa faixa de faturamento competem com gigantes nacionais, multinacionais e globais sem a mesma estrutura e arsenal para enfrentar esses desafios. Da mesma forma, há pouco incentivo e apoio governamental direcionado a essa faixa média da pirâmide empresarial, já que em grande parte das vezes (regra geral), os programas governamentais se concentram nas micro e pequenas empresas.
Dessa forma, o sim, para ter sucesso, dependerá de uma forte habilidade de fazer escolhas, e naturalmente conviver com as renúncias. Que, por sua vez, depende da clareza de propósito, de dados confiáveis sobre a realidade e, sobretudo, de método para tomada de decisão com segurança e responsabilidade.
Ricardo Pinheiro é empreendedor, fundador da N8x Educação - Escola de Negócios e da Relevo Tecnologia, empresa da área de Professional Services, tem mais de 20 anos de experiência em multinacionais como Microsoft, IBM e Thomson Reuters.


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