A mudança de postura da Agência Espacial dos EUA – NASA, a respeito da ocupação de solos no mundo pela agricultura, nos sugere uma série de reflexões.
A partir da Conferência Mundial do Meio Ambiente de Estocolmo, em 1972, as questões ambientais vieram à tona. Até então o mundo nunca tratara do tema como agenda nacional ou mundial. Por detrás as preocupações não eram tão ambientais. Eram de natureza geopolítica ou econômicas ligadas à segurança alimentar, principalmente dos EUA.
Bom lembrar que o mundo vivia o auge da Guerra Fria, iniciada a partir do fim da segunda guerra mundial. EUA e URSS disputavam palmo a palmo territórios políticos no mundo. Do ponto der vista dos EUA, diante das incertezas da guerra fria e de uma possível expansão russa nas Américas, no Sul da Ásia e no Oriente Médio, era preciso preservar territórios ligados à produção de alimentos, navegação comercial e de petróleo.
O Brasil entrava nessa geopolítica como território de preservação do interesse dos EUA e de países europeus, pensando na sua segurança alimentar futura. Recordemos aqui que depois da conferência de Estocolmo começaram as pressões ambientais sobre o Brasil.
Coincidência estranha que depois de 1972, acontecia no Brasil a ocupação da Amazônia por inciativa brasileira temendo a expansão socialista e a sua internacionalização. Eram temas recorrentes na época. Nunca houve um real interesse dos governos dos EUA e europeus na preservação da Amazônia pra fins exclusivamente ambientais nacionais e mundiais. Era tão somente pra preservar um território que eles julgavam que lhes poderia ser útil num futuro qualquer, a depender da Guerra Fria.
A partir de 1989 terminou a Guerra Fria. Junto a precaução estratégica dos EUA por alimentação que era um dos fatores da pressão ambiental sobre o Brasil.
Neste momento quando a NASA admite que os países podem usar até 30% do seu território pra uso agrícola e que o Brasil usa apenas 7,6%, muda completamente a direção e os objetivos daquela geopolítica iniciada lá em Estocolmo em 1972.
Estamos então falando de uma nova economia mundial que não privilegia a agricultura como economia primária e a primeira onda econômica mundial. Entrando na quinta onda econômica, o mundo acima do Equador não olha mais com nenhum interesse o solo brasileiro. Só o mercado consumidor interno. Logo, deixa-nos produzir comida barata pra eles. O assunto continua amanhã.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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