Rafaela Maximiano - Da Redação
“Só a existência de legislação não significa a eficácia da mesma. As estatísticas e o crescimento constante da violência contra a mulher são a maior prova disso. Atualmente o Brasil, é referência em legislação de combate a violência de gênero, mesmo assim figura entre os 5 países com maior índice de violência e, o nosso Estado nos últimos anos, figura sempre entre os primeiros lugares”.
A afirmação é da advogada Sirlei Theis. Ex-vítima de violência doméstica e ativista da causa, a advogada viveu uma relação que quase a levou a morte. Conseguiu se libertar e hoje ajuda outras mulheres a enfrentarem o problema usando técnicas de constelação familiar e a filosofia do sagrado feminino.
“Quando estive em uma relação abusiva a lei Maria da Penha ainda não existia e tive muita dificuldade para me libertar do agressor. Hoje, uso toda esta experiência para ajudar quem ainda sofre numa relação de dor”, conta.
No último dia 28 de julho de 2021 foi sancionada a lei que tipifica a violência psicológica contra a mulher. A pena é de reclusão, entre seis meses e dois anos, além do pagamento de multa. Segundo o texto, o crime ocorre quando se causa danos emocionais à mulher, de forma a degradar ou controlar suas ações, mediante ameaça, humilhações ou manipulação.
Em seis anos trabalhando o tema, Sirlei afirma ter encontrado respostas que mostram porque a violência não diminui e principalmente porque mesmo com uma lei tão expressiva, as vítimas ainda têm problemas para superar as dificuldades.
Para Sirlei, a ineficácia no combate a esse tipo de crime acontece em razão de vários fatores e um deles está relacionado as brechas na lei processual penal, que dificulta a prisão de abusadores, principalmente daqueles com poder aquisitivo alto e que gozam de certa influência. Estes utilizariam de todos os subterfúgios da lei, para se defenderem.
“Toda vez que um abusador da alta sociedade sai ileso de um caso de agressão e a situação vem a público e as pessoas percebem a impunidade, se presta um desserviço à sociedade. Quando as vítimas notam que o poder econômico ainda é mais forte que a legislação, desmotiva e inibe futuras denúncias”, afirma.
Sirlei Theis pontua que a cultura do brasileiro é muito permissiva com relações abusivas. “Posso destacar a cultura do ‘não meter a colher’, principalmente se o ‘cara’ é meu amigo ou se o ‘cara’ é influente. No trabalho que desenvolvo com mulheres desde o ano 2016, percebo muito claramente essa falta de amor próprio nas vítimas de relacionamentos tóxicos ou abusivos. Enquanto isso não mudar, teremos uma onda crescente de casos de violência contra a mulher”.
E alerta que mudança dessa triste realidade depende sim de legislação, mas depende também de investimentos em autoconhecimento, como política preventiva para um futuro com menos violência e mais equilíbrio social.
Agosto Lilás
Em agosto, mês escolhido para conscientizar a população para o fim da violência doméstica - Agosto Lilás - a especialista em comportamento feminino fará em suas redes sociais uma série de lives sobre autoconhecimento feminino e atendimentos de Constelação Familiar online e gratuito para proporcionar às mulheres uma reconexão com o seu poder pessoal.
“Ou nos unimos ou estamos fadadas a virar mais um número na triste e real estatística do feminicídio”, completa Sirlei Theis.
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