Os mais recentes boletins emitidos pelo Serviço Geológico do Brasil, do Ministério de Minas e Energia, lançam alertas importantes sobre o Pantanal e aos que vivem nele. O maior deles é o de que até o mês de março foi acumulado um déficit de quase 300 milímetros de chuva na região, claro sinal de que não está ocorrendo a recarga hídrica habitual, se analisada a série histórica, nesse patrimônio mundial da humanidade.
E é nesse contexto que natureza e homem se misturam, umbilicalmente. Sem água, não há vida. E sem cuidado com a água, não há qualidade de vida tampouco sustentabilidade ambiental.
À medida que a temporada de chuvas avança para sua reta final é preciso que todos, unidos em comunidade, tenhamos a clareza de que o período de seca deve ter como lema o consumo consciente do recurso hídrico.
Estarmos num berço de águas como o Pantanal aumenta nossa responsabilidade coletiva com essa missão. E isso implica, de imediato, na revisão de hábitos de consumo. Você certamente já ouviu recomendações simples como escovar os dentes com a torneira fechada. Acredite, se medidas aparentemente singelas como essa forem levadas a sério e adotadas como prática em casa, por todos e todos os dias, isso fará uma grande diferença!
O desperdício de água se traduz em outras cenas do cotidiano, do banho demorado com o registro aberto àquela gotinha insistente a cair da torneira da cozinha sem parar e sem conserto. Atitudes que podem e devem ser mudadas, ao racionalizarmos a forma como cuidamos da água nossa de cada dia.
Você sabia que para a água tratada chegue até você e sua família, há um complexo e dinâmico conjunto de operações de captação, tratamento e distribuição, com diferentes frentes de conhecimento e trabalho aplicado? Nessa tarefa diária, que entrega à população um serviço essencial, também entregamos junto com a água mais saúde, mais conforto dentro dos lares, mais bem-estar à comunidade.
Mas todo esse esforço e valor não serão perenes se o consumo consciente não estiver presente na vida em sociedade e na relação de cada um de nós com o recurso hídrico. Dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS – 2022) mostram que o consumo médio de água no Brasil é de 148,2 litros por habitante ao dia, bem superior à quantidade referenciada pela Organização das Nações Unidas, a ONU, como suficiente para atender as necessidades básicas individuais (110 litros ao dia).
Esses 38,2 litros de água que separam o real e o ideal – o que corresponde a cerca de dois baldes usados na limpeza doméstica - podem parecer números frios, que pouco dizem à minha, à sua, à realidade dos cuiabanos. E é aqui que te convido, meu leitor nesta jornada consciente, a fazermos uma conta simples: numa casa com quatro moradores, em média, 8 baldes de água poderiam ser economizados diariamente, sim, por dia. Imagine a diferença ao final de um mês, de uma temporada de estiagem, de um ano inteiro!
Podemos afirmar que por trás do desperdício há a ação humana. A boa notícia é que também está em nós a chave do protagonismo para proporcionarmos um meio ambiente mais equilibrado.
Vamos juntos adotar atitudes de consumo consciente?
Renato Carlini Camargo é diretor-geral da Águas Cuiabá, empresa do Grupo Iguá Saneamento.
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