A Embrapa em Sinop fez 11 anos. Demorou em vir para o estado, talvez pela forte presença da Fundação MT em Rondonópolis. Quero aproveitar o gancho do aniversário da Embrapa para espichar um pouco mais a conversa. O seu grande mérito foi fazer o cerrado agricultável. Tem até um braço da empresa, Embrapa Cerrado, criada em 1975.
Na década de 1980 se descobriu como plantar soja naquele bioma. Antes ali se tinha gado, plantio esparso de arroz e mais carvão vegetal. Daqui a pouco, com as pesquisas feitas, houve uma explosão de produção no cerrado.
Esta área é o segundo maior bioma do país. O cerrado tem algo como 140 milhões de hectares de terras planas que, depois das descobertas de sementes e adubos adequados, facilitou a agricultura extensiva.
Hoje mais de 60% da soja nacional sai do cerrado e mais de 90% do algodão. E tem ainda uma quantidade enorme de pastagem, o que ajuda na produção e venda de carne interna e externamente.
Mas hoje em MT a Embrapa está sob bombardeio da Aprosoja, lugar dos produtores de soja e milho do estado. Tem uma nota dura da Aprosoja àquilo que chama de omissão da Embrapa na pesquisa feita pela Fundação Rio Verde e Instituto Agris sobre qualidade do grão da soja e mais defesa ambiental e fitossanitária.
Pesquisa que, segundo a Aprosoja, ajudaria a melhorar a semente do produto e, por consequência, sua produtividade. Que a Embrapa foi convidada a participar da pesquisa desde 2017 e recusou e nem quis também acompanhar a pesquisa da entidade.
Diz a nota que é inadmissível que um órgão que tem 3.5 bilhões de reais de orçamento público não participe de uma pesquisa como essa e que não seria bancada pela Embrapa. “isso é um desserviço”, conclui a nota sobre a Embrapa.
Esse assunto é um dos mais importantes para o momento econômico do estado. Implica na produção futura de grãos, base da economia estadual. Um dado ressalta nesse assunto: não é possível que os produtores rurais queiram uma nova semente e que usariam uma que trouxesse problemas futuros para eles.
Se a questão fitossanitária também não saísse bem na pesquisa, haveria consequências para o plantio e também o custo da produção aumentaria. Uma loucura econômica e ambiental.
Se estão dizendo que tudo é seguro para o plantio, por que a Embrapa (e também o Indea) não se manifestam claramente sobre isso? É tempo de esclarecer esse assunto.
Mas, para terminar, volto à Embrapa Sinop com uma indagação: não daria para se fazer uma pesquisa para ajudar os municípios dos antigos garimpos de diamantes no estado? O que plantar em lugares assim? Senão a distância econômica e social entre esses municípios de MT e aqueles da agricultura aumentará cada dia mais.
Esse trabalho teria sido feito pela Embrapa na região de mineração em Minas Gerais. Lá como aqui são lugares de terras acidentadas, não próprias para agricultura extensiva. Por que não aqui, Embrapa Sinop?
Alfredo da Mota Menezes é Analista Político.
E-mail: pox@terra.com.br Site: www.alfredomenezes.com
Ainda não há comentários.