Possivelmente a eleição de 2018 em Mato Grosso encerre um longo ciclo político e comece outro. Após a divisão do estado a partir de 1979, entraram na política o jovem ex-prefeito de Várzea Grande, Júlio Campos, que viria a ser deputado federal, governador e senador, além de rápida passagem pelo Tribunal de Contas do Estado. Já vinha na política o deputado estadual Carlos Bezerra, que viria suceder Júlio Campos no governo, seria senador e deputado federal. Seguiu-se Jaime Campos, que foi prefeito de Várzea Grande, governador e senador. Em 1985 aparece no cenário estadual com enorme força como deputado federal depois da emenda das Diretas-Já Dante de Oliveira, ex-prefeito de Cuiabá e governador por dois mandatos. Debaixo da árvore desses quatro floresceu boa parte da política atual de Mato Grosso.
Ao longo do tempo o grupo desses foi se modificando e em 2002 a partir da eleição de Blairo Maggi a governador, aquelas forças foram-se dividindo até praticamente desaparecer por inanição.
Em 2018 há um rescaldo delas. Juntam-se os egressos do PFL, o herdeiro antiga da Arena e da UDN, representado pelo deputado federal Fábio Garcia, e forças novas como Mauro Mendes, ex-prefeito de Cuiabá, e Carlos Fávaro, ex-vice governador, mais alguns nomes avulsos ou de expressão secundária.
De dois outros lados o governador Pedro Taques como uma força nova depurada ao longo desse seu primeiro mandato, com o afastamento de todos já citados. Na outra ponta, sozinho e quase só, o senador Welinton Fagundes que vem de cinco mandatos de deputado federal e um na metade de senador.
Esse é o conjunto de forças que vai direcionar e disputar todos os mandatos em aberto nas bancadas estadual e federal, além das duas vagas ao Senado.
De concreto, olhando-se pra trás, pouco há de heranças antigas. Todos, sem exceção, tendem a perder força progressivamente a partir de 2019, eleitos ou não! O governador Pedro Taques, se reeleito, terá que se reconstruir e não parece disposto a tanto. Jaime e Júlio Campos certamente encerrarão a vida política com ou sem sucesso em 2019. Mauro Mendes também sofrerá um processo de solidão gradual, eleito ou não. Welinton Fagundes sofrerá uma grande desidratação se não eleito. Voltará ao mandato, mas sem o mesmo prestígio que hoje tem.
Concretamente, a velha política de Mato Grosso fecha o seu ciclo nesta eleição. A partir dos próximos quatro anos ou se inicia uma nova geração, ou haverá uma profunda desidratação dos nomes, dos partidos e das lideranças atuais. Será muito simbólica e construtiva para a sociedade a eleição deste ano.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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