Muito se fala na relação comercial entre o Brasil e os países da União Europeia, e quase sempre somos surpreendidos por regras que nos impõem um controle rigoroso de produção, bem-estar animal, sustentabilidade e garantia de origem. Um bom exemplo disso são as medidas adotadas pelo velho continente para reduzir ou zerar a importação de produtos que venham de áreas de desmatamento.
A proposta está em tramitação no parlamento europeu e conta com o apoio de importantes nações como França e Alemanha, já que as exigências são cada vez maiores e ao mesmo tempo o consumidor está cada vez mais empoderado e exigente, cobrando por informações sobre a procedência e modelos adotados durante todo o processo de produção e sim, ele será o fiel dessa balança de interesses.
Perdemos muito tempo discutindo quem tem ou não razão, mas precisamos seguir adiante. O mundo todo já sabe, e está cansado de saber que temos 62% de todo o território nacional preservado. Temos que mostrar isso!
Além de dizer sobre nossa produção sustentável, temos que dar garantias de que aquele produto seguiu controles consistentes de qualidade e sustentabilidade, e isso requer transparência, tecnologia, governança.
Neste contexto a rastreabilidade é a melhor ferramenta para atender ao novo padrão produtivo. Com ela, é possível ter controle sanitário, ambiental e legal de tudo que é produzido, podendo ser realizada de maneira transversa, de ponta a ponta, tanto na agricultura quanto na pecuária.
Com a rastreabilidade animal individual, por exemplo, é possível saber onde o animal nasceu, as propriedades pelas quais passou, o regime alimentar adotado e os procedimentos sanitários ao qual foi submetido. E vai além disso, a rastreabilidade é um instrumento para atender também determinados mercados, como aquele que busca pela neutralidade de carbono e a produção regenerativa.
No último mês de outubro, o Brasil recebeu uma missão da autoridade sanitária da Europa com o objetivo de verificar pessoalmente sobre as condições técnicas e sanitárias do Brasil. Foram vistoriadas várias propriedades rurais e indústrias frigorificas além do serviço oficial de defesa estadual e federal.
De maneira geral, os técnicos europeus ficaram muito satisfeitos com que presenciaram, sobretudo com a rastreabilidade brasileira. Em seu relatório foram claros em dizer da segurança e garantia atestada, e de como é fundamental o trabalho das certificadoras nesse processo, afinal, são elas que estão constantemente em contato com os produtores.
Estamos no caminho. Evoluímos muito nos últimos anos neste tema, e dia após dia a relação entre os produtores, as certificadoras, o serviço oficial de defesa e os órgãos internacionais se fortalecem.
Os mecanismos de controle serão cada vez mais exigidos, e essa relação será fundamental para avançarmos ainda mais nossa participação no mercado externo. Essa é a nossa virada de chave, com organização, proatividade e garantia atesta por terceiros.
*Luciano Vacari é gestor de agronegócios e diretor da Neo Agro Consultoria.
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