Depois de dois anos de intenso trabalho em equipe, a Subcomissão Temporária do Senado Federal sobre os Impactos da Pandemia na Educação Brasileira, a qual tive a satisfação de integrar, divulgou o seu relatório final. Guiados pelo objetivo de monitorar os impactos da Covid-19 na educação brasileira, de maneira a propor uma estratégia capaz de superar pontos críticos, produzimos recomendações que conclamam a todos os entes públicos para que se deem as mãos no atendimento às grandes prioridades de garantir, especialmente, permanência dos estudantes nas escolas e recomposição da aprendizagem. Para atender a tais objetivos, dentre outras medidas, destaca-se a Educação Integral.
Felizmente, há evidências de que o modelo integral é certeiro ao endereçar os desafios relativos à aprendizagem, evasão e abandono, especialmente no Ensino Médio. As Escolas de Ensino Médio Integral alcançaram resultados muito positivos no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) 2019, com uma média de 4,7 pontos, superiores aos 4,0 pontos das escolas de Ensino Médio regular. Mesmo que o Ideb 2021 apresente dados parcialmente comprometidos pelos obstáculos gerados pela pandemia, também ele indica a performance superior do modelo integral. É dizer: Ensino Médio Integral é uma estratégia-chave para a recuperação da educação brasileira.
Ainda, estudo realizado com egressos do Ensino Médio Integral constatou benefícios de longo prazo do modelo. Estudantes do integral têm mais chances de ingresso no ensino superior, além de terem maior salário mensal e trabalharem em setores com alta qualificação. Adicionalmente, estudo de impacto econômico conduzido pelo Insper, indica que, para cada jovem estudante que tenha acesso ao Ensino Médio Integral, o benefício social médio é de R$ 145 mil, valor seis vezes maior que o custo de um estudante no modelo integral.
Outro ponto que chama a atenção é que o Ensino Médio Integral é também eficaz no enfrentamento a violências – tema com o qual muito me preocupo e no qual sei que tenho responsabilidade, motivo pelo qual protocolei, há mais de 3 anos, o Projeto de Lei nº 2256/2019, o qual busca fortalecer a segurança escolar, por meio de um conjunto de medidas para assegurar a integridade física e emocional dos membros da comunidade escolar.
Pesquisa mostra que a ampliação da jornada escolar no Ensino Médio, aliada a um modelo pedagógico integral, estão relacionadas a menores índices de violência na escola, conforme percepção de gestores e professores. Outro estudo mostra que investir em educação integral reduz os homicídios em até 50%, a partir da análise de impactos dessa política em Pernambuco, estado precursor do modelo.
Já na última década o Ensino Médio Integral era reconhecido como uma aposta para a melhoria da educação e há tempos defendo a importância de uma escola que esteja aberta em contraturno e aos finais de semana, mantendo ainda o diálogo constante com as famílias e com a comunidade.
Hoje, com estudantes sofrendo os impactos da pandemia e com evidências de sucesso do modelo integral, a necessidade de investimento na política deixa de ser uma aposta e se torna uma estratégia potente e possível para o país. Potente, pois tem evidências positivas de seu impacto. Possível, porque já há bases pedagógicas estabelecidas e conhecimento acumulado para sua implantação, em diversos estados, inclusive no Mato Grosso, que conta hoje com mais de 6 mil matrículas no Ensino Médio Integral e deve investir em uma expansão robusta da política por todo o estado.
Precisamos, então, celebrar o compromisso de expansão da rede estadual em 2023, para que Mato Grosso tenha 100 unidades integrais. Atuemos, então, para a expansão do Ensino Médio Integral e, principalmente, para a garantia de um futuro potente para nossos jovens mato-grossenses e para a educação brasileira.
Wellington Fagundes é senador pelo PL/MT.
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