Aposto um guaraná gut-gut que caixa dois, corrupção e populismo farão parte, como sempre fizeram, da eleição deste ano.
Falando em caixa dois, o TRE de Mato Grosso assinou convênio com a UFMT para escrutinar as prestações de contas dos candidatos na eleição. Eleição supostamente sem dinheiro de empresas e com financiamento público.
É óbvio que vai haver dinheiro por fora. No país do caixa dois como pegar a malandragem? O caixa dois, em tese, não existe. Se não existe, como controlar a saída de dinheiro dali para uma campanha?
A prestação de contas, em sua grande maioria, chega bonitinha no TRE, mas o gasto foi muito maior. É um terço do gasto numa campanha, na denúncia do agora santo Silval Barbosa.
Como o TRE, aqui ou fora, pode seguir o rastro geral do dinheiro? Como saber quanto aquele candidato a deputado gastou em combustível se este gasto foi garantido por alguém fora dos olhos da lei e que usou caixa dois de sua empresa?
Como conseguir detectar o ato ilícito no momento que ocorre? A prestação de contas é uma coisa, o que acontece na campanha é outra bem diferente. Não empurrem para a sociedade esse assunto, como já se ouviu em eleições anteriores. Ou que a Justiça só atua se for acionada pelo cidadão.
Outra vedete da eleição será a corrupção. Mas será que acusados de corrupção, assunto do momento nacional e estadual, não serão eleitos? Sei não. A não ser caso concreto de alguém filmado pegando dinheiro. Outros que praticaram outras corrupções podem tranquilamente voltarem ao parlamento estadual.
Imaginemos um deputado estadual buscando reeleição e que está sendo acusado de corrupção. Ele tem sua base eleitoral longe da capital, apoio de dezenas de vereadores e de muitos prefeitos. Essas pessoas contariam aos eleitores outra história sobre os casos do candidato. Gentes em lugares distantes olham de forma enviesada para as coisas da capital.
Acusação de corrupção não terá influencia decisiva na eleição, mas o populismo, a maior praga da América Latina, tem força eleitoral eterna.
Vemos candidato a presidente falar em plebiscito para se ter uma reforma da Previdência. Claro que agrada à maioria. Outro diz que vai rever a reforma trabalhista. Tem candidato que fala em acabar com a lei do Teto do Gasto. Que se dane a rigidez fiscal e que venham as consequências.
Tem aquele que irá rever, se eleito, os contratos já firmados da exploração de petróleo no pré-sal. Outro argui que derrubaria qualquer privatização de empresas brasileiras adquiridas pelo exterior.
Criam uma insegurança jurídica dos diabos. Quem do exterior investiria no Brasil sabendo que se fulano ou beltrano ganhar vai rever contratos? Mas o assunto é palatável à maioria e o populista vai atrás desse voto.
Populismo e caixa dois continuarão como vedetes nesta eleição e a maioria dos acusados de corrupção não terão os problemas eleitorais que muitos imaginam.
Alfredo da Mota Menezes escreve nesta coluna semanalmente.
E-mail: pox@terra.com.br site: www.alfredomenezes.com
Ainda não há comentários.