Hoje o Brasil votará pra escolher o presidente da República dos próximos quatro anos. Eleição delicadíssima porque significará a passagem de um regime que se pretende socialista pra outro democrático. Isto porque a eleição de Bolsonaro já não deixa mais dúvidas. Mas por detrás há muito mais do que os olhos vêem, as redes sociais mostram ou a mídia apresenta.
Morre um Brasil que se pretendeu socialista pela construção teleguiada do Partido dos Trabalhadores ao longo de 16 anos. O canal seria o Foro de São Paulo, entidade criada em 1990, sob a inspiração de Luís Inácio Lula da Silva e alimentado fortemente com dinheiro público brasileiro nos governos petistas depois de 2003. Formado por partidos políticos e organizações de esquerda da América Latina e do Caribe, nasceu a partir de seminário internacional promovido pelo Partido dos Trabalhadores no Brasil em 1990.
A expectativa do PT e dos seus dois aliados, o PSOL e o PCdoB era a de vitória nessas eleições brasileiras e a forte reativação do Foro e o renascimento do socialismo no continente. Uma espécie de nova célula internacional da ideologia que entrou em decadência depois do fim da União Soviética, em 1990. Isso explica tantas doações e financiamentos brasileiros a países da América do Sul, do Caribe e socialistas da África.
Com a derrota do PT nestas eleições morre o sonho da esquerda brasileira e continental. Os dois principais aliados no continente, a Argentina dos Kirschner e a Venezuela de Nicolás Maduro, andam muito mal das pernas, sem contar que o novo presidente argentino reza na cartilha capitalista. O Brasil seria de novo o financiador do “bolivarianismo” diretamente e através do Foro de São Paulo. Sem o governo do Brasil nas mãos, o futuro da esquerda no continente terá que ser construído novamente a partir das militâncias e de movimentos quase do zero. Por mais capitalizado que o PT esteja (pelas razões conhecidas), não será suficiente porque impor um regime no continente e em países africanos custa bilhões de dólares. Para o Brasil nos períodos Lula e Dilma custou mais de 2 trilhões de reais. Isso não será mais possível.
O Brasil que sai das urnas hoje, é um Brasil voltado para o Brasil. Sem influências ideológicas de fora e, tampouco, submisso a mercados comerciais pobres e sem expressão mundial como foi implantado desde 2003.
O sonho é simples: restabelecer a soberania de pensamento nacional e restabelecer a segurança e a ordem jurídicas desmontadas no período. O resto a sociedade dá conta. Mas sem segurança jurídica interna nada funciona. A começar da reestruturação da justiça brasileira e do respeito às leis. E que essas sejam decentes e não mais negociatas espertas de congressistas corruptos.
Vencemos uma fase dura da História e começaremos outra. Nessa o povo deverá ser o soberano, se quiser...!
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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