Por Lucas Neiva - Portal Congresso em Foco
Em coletiva de imprensa realizada após sua reunião com o primeiro-ministro alemão Olaf Scholz, o presidente Lula (PT) anunciou, nesta segunda-feira (30), a assinatura de um decreto que aumenta a autoridade dos ministérios da Defesa e da Saúde, encarregados de enfrentar a crise humanitária que atinge a população das reservas indígenas Yanomami, para combater diretamente o garimpo ilegal na região. Lula também aproveitou a oportunidade para criticar o governo anterior, considerado por ele como responsável pela crise.
“Nós vamos tomar todas as atitudes para acabar com o garimpo ilegal. [Vamos] tirar os garimpeiros de lá e vamos cuidar do povo Yanomami, que precisa ser tratado com respeito. (…) Resolvemos tomar uma decisão: parar com a brincadeira. Não terá mais garimpo”, anunciou o presidente. As primeiras medidas apontadas por ele foram a proibição de sobrevoos na região, bem como a entrada de barcas de transporte de combustível.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de acordo com Lula, foi responsável pelo surto de fome, malária e outras doenças que atingem a população Yanomami. “Não é possível que alguém veja aquelas imagens que se viu, e que eu tive a oportunidade de ver sábado passado [21], e ficar quieto. Nós tivemos um governo que poderia ser tratado como um governo genocida, porque ele é um dos culpados por aquilo acontecer”, acusou.
Além de considerar Bolsonaro negligente no atendimento aos povos indígenas, Lula relembrou discursos de seu antecessor e de seus aliados próximos sobre a mineração na Amazônia. “Ele quis fazer a propaganda de que as pessoas poderiam invadir garimpos, que poderiam jogar mercúrio [nos rios]. Está cheio de discursos dele dizendo isso”, declarou. O ex-presidente chegou a tentar estabelecer em 2022 um programa de legalização do garimpo na Amazônia, que foi revogado no primeiro dia do governo Lula.
A expectativa do presidente é que a operação nas terras Yanomami leve de um a dois dias para ser concluída. “O governo brasileiro vai tirar e acabar com o garimpo em qualquer terra indígena a partir de agora. E mais ainda: não haverá por parte da Agência Nacional de Mineração que vá conceder autorização para alguém fazer pesquisa em qualquer área indígena”, acrescentou.
A atividade garimpeira no Brasil é concentrada na Amazônia, que possui 91,6% da área nacional ocupada pelo garimpo entre 2010 e 2021, conforme estudo da MapBiomas. É considerado como a principal causa da crise Yanomami: a prática resulta na destruição de árvores, envenenamento por mercúrio nos principais rios da região e no acúmulo de água parada, que resulta na proliferação de mosquitos transmissores da malária.
AUTORIA
LUCAS NEIVA Repórter. Jornalista formado pelo UniCeub, foi repórter da edição impressa do Jornal de Brasília, onde atuou na editoria de Cidades.
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