Sonia Fiori - Da Editoria
Ex-juiz federal, Julier Sebastião da Silva, em entrevista especial ao FocoCidade, nome aventado para concorrer ao Governo nos bastidores, mas que trabalha projeto à Câmara Federal pelo PT, pontua uma análise direta e categórica sobre a seara política nacional e estadual.
“Federal dos Direitos”, disse sobre sua bandeira.
Julier é “implacável” na leitura sobre os Governos do presidente Jair Bolsonaro e do governador Mauro Mendes.
As críticas contundentes às gestões públicas atuais passam pela leitura sobre o desempenho da economia e reflexos amargos à população, na sua opinião.
Comenta as tratativas da oposição sobre a construção de um projeto próprio na corrida ao comando do Estado.
No linear de avaliações, também defende a retomada das obras do polêmico modal VLT (Veículo Leve sobre Trilhos).
Taxativo, crava observações como: “O Bolsonaro tem pai e tem mãe e não é o PT”; “Bolsonaro vai perder de lavada a eleição, vai calar a boca e vai embora”; o governador Mauro Mendes é o Bolsonaro de grife”.
O ex-juiz federal Julier Sebastião da Silva se notabilizou no país no campo de decisões de “impacto” como a prisão do ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro, colocando um “ponto final” num império de ilegalidade.
Outras decisões também marcaram sua trajetória na magistratura, como a determinação de criar barreira para entrada no Brasil a cidadãos dos EUA – com base na aplicação dos princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana e da reciprocidade nas suas relações internacionais.
O advogado disputou duas corridas majoritárias à prefeitura de Cuiabá (2016-PDT/2020-PT).
Confira a entrevista na íntegra:
Projeto. Por que Câmara Federal.
Olha Sonia, primeiro porque já disputei duas eleições majoritárias, como a prefeitura de Cuiabá, acho que é muito importante para o Brasil, por conta da eleição do presidente Lula.
O senhor já dá como ganha (a eleição do Lula)?
Isso! E depois de quatro anos com Bolsonaro, nós temos que reconstruir tudo, tanto que já se comenta assim: ah, federal da Educação, outros que perguntam se vou lutar pelo meio ambiente. Jornalistas que perguntam, então que ser federal (deputado) dos Direitos, porque esses quatro anos de Bolsonaro degradou todos os Direitos. O trabalho no Parlamento é reconstruir todos esses direitos que foram desconstruídos. Você não pode eleger uma área só. O nível de degradação é tão grande, que eu acho que temos que restaurar os Direitos do país, o que significa restaurar os direitos de mulheres, da educação, saúde, indígenas, meio ambiente.. Direitos do Trabalhador, acabaram com essa Reforma Trabalhista que foi feita e acabou com os direitos dos trabalhadores no país.
Acredita que cabe no atual momento econômico, restaurar (direitos trabalhistas) como era...
Eu acho que tem que restaurar os direitos dos trabalhadores, porque a história da Reforma Trabalhista foi que iria abrir o emprego. Nós estamos com o maior número de desempregados da história, as vagas de empregos precarizadas, totalmente não imprimiu nada, ou seja, na prática nós nunca vivemos um caos econômico e de desemprego e de fome como agora. Então temos que restaurar tudo, desde Reforma Agrária que o Bolsonaro não desapropriou um centímetro de terra, não fez um assentamento. Na área de saúde não precisa nem falar, não é.. A pandemia está aí com seus mais de 700 mil mortos e que todos nós enfrentamos. Hoje se você perguntar: você luta só por isso dentro da Câmara Federal? Temos que fazer um governo de reconstrução, a nossa briga é para que a questão dos direitos sejam restauradas, não só do ponto de vista legal, mas principalmente na questão da mulher que é um dos exemplos. Nós nunca tivemos um nível tão alto de violência e agressão das mulheres como agora, porque é incentivado pelo governo. Nós nunca tivemos um número tão alto de mortes violando o direito à vida, porque o país se tornou um grande estande de tiro. Você não sabe mais quem tem armas hoje. Você pode estar conversando com alguém e esse alguém pode estar armado. Você dá um espirro e ‘ele’ não gostou e te dá um tiro.
É esse nível de degradação dos Direitos, por isso fiquei pensando nisso e falei: acho que esse é o melhor caminho a federal, porque não adianta ir para um projeto de Governo do Estado em que o Estado, majoritariamente do agronegócio, e que implementa as mesmas políticas que o Bolsonaro tem implementado, ou seja, precisamos voltar à raiz do problema, fazer um Governo de restauração nacional, de reconstrução nacional e um Parlamento que não seja esse Parlamento que presidido pelo Arthur Lira, pelo orçamento secreto, que é a pior gestão... E olha que eu achava que o outro já era ruim, mas esse é o pior Parlamento da história do país.
E olha que aquele que cassou a Dilma já era ruim.. Então veja o nível de degradação, por isso temos que restaurar os Direitos políticos, restaurar as Instituições, restaurar o convívio social e democrático entre as pessoas para que possam, obviamente, resgatar Direitos, o respeito aos Direitos, e que tenha de novo um Estado que regule as relações sociais e não que incentive ódio, a matança, enfim, e tudo aquilo que tenha cheiro de povo.
O Governo Bolsonaro utiliza muito como defesa, no cenário da crise na economia, os reflexos gerados pelo quadro da pandemia.. Como o senhor define a política Paulo Guedes?
Um fracasso econômico do país em toda a sua extensão (risos).. Para mim, é a cara do Bolsonaro. Não tem como. Eu lembro que no início era a elite nacional que botou Bolsonaro e a gente não pode esquecer disso, quem botou Bolsonaro na presidência não foram os pobres, os transloucados ou os malucos, não! Foram os bem engravatados, os bem endinheirados, eles que botaram o Bolsonaro, e por que.. Tinha o ‘posto Ipiranga’ Paulo Guedes e o Moro (ex-juiz Sergio Moro) os dois pilares.. o trio neoliberal etc. Não tem nada de neoliberalismo porque hoje não tem teto de gastos, não tem nada, não tem ajuste fiscal, do ponto de vista liberal. Vi esses dias o mercado gritando porque o Lula falou que iria acabar com o teto de gastos, e eles ficaram quietos agora que aprovou a PEC do Auxílio Eleitoral. Não tem mais teto de gastos, então é uma discussão absurda.
Estamos em uma eleição que poderia ser classificada entre ricos e pobres?
Não vou falar que é uma guerra entre ricos e pobres, mas vou dizer que é uma luta daqueles que pensam no próximo, daqueles que acham que todos têm o direito a comer e aqueles que acham que os outros só tem o direito de morrer.
O senhor concorda que Lula é uma causa?
Hoje é causa que unifica o país na minha opinião, do ponto de vista econômico. Não é nem uma causa... No mundo as pessoas vivem não do que elas têm hoje, tanto que as religiões funcionam assim, a pessoa pode passar fome mas ela tem esperança de algo. Os quatro anos do Bolsonaro retiraram até isso dos brasileiros. Eles (brasileiros) não tem mais sonhos, não tem esperança, não tem nada. Ninguém mais tem esperança de comprar um carro, comprar um imóvel próprio, de ter um emprego melhor, de ter renda, não. A perspectiva é sempre para baixo: vai piorar.
Independentemente de ser uma causa, é a história de voltar a ter pessoas com esperança, que tem sonhos, que querem lutar para ter uma vida melhor. Hoje isso não é mais possível. Como está nesse cenário, não é possível. Então no cenário que está, ‘você tem que comprar uma arma’ dentro da lógica do governo Bolsonaro: você não precisa comprar feijão, você precisa comprar uma arma.
O senhor teme pelo resultado das eleições nessa questão da segurança?
Acho que já está sendo uma campanha violenta, agressiva por conta do fascismo do governo e dos seus apoiadores, mas vou te dizer assim, na esquerda não sou daqueles que fica alimentando que vai ter golpe, nada disso. O que acho que vai acontecer: Bolsonaro vai perder de lavada a eleição, vai calar a boca e vai embora, porque é isso que vai acontecer, porque não depende dele.
O senhor acha que pode acontecer algum episódio como o que ocorreu de ataque ao STF?
Acho que é uma narrativa patética em se tentar trazer pra cá. Não acredito transformar o Brasil numa ‘Disneylândia’, com ‘Mickey e Pateta’ e outros.
Esses ataques, encontro com embaixadores, ‘ameaças’ ao sistema eleitoral. Como avalia do ponto de vista dos reflexos internacionais?
Foi muita irresponsabilidade ali. O presidente da República não pode esculachar o país para representantes estrangeiros no país. Isso é inadmissível do ponto de vista constitucional ele (Bolsonaro) cometeu um crime de responsabilidade. Um impeachment, mas seria só mais um (risos) dentro de 160 pedidos de impeachment que o Arthur Lira (presidente Câmara Federal) está sentado em cima lá. Então não vai ter consequência. E do ponto de vista político, na análise, acho que é um ato de desespero, porque na história do país a reeleição veio em 1998 com o Fernando Henrique e tal. Vai ser o primeiro presidente que vai perder uma reeleição no cargo e no primeiro turno. Acaba no primeiro turno essa eleição. A manchete do UOL hoje é: a campanha do Bolsonaro abandona Nordeste e focará só no Sudeste (referente à publicação do dia 26/7), tá perdido no Nordeste, não querem mais saber, ou seja, isso é o desespero. A tentativa agora é se levar para o segundo turno, estender essa agonia fascista.
Eu acho que acaba no dia 2 (Dia das Eleições/primeiro turno). Não vejo como haver recuperação. Não é assim... ah está sendo otimista. Estou sendo apenas pragmático. Vai reagir a quê o Bolsonaro agora? Tem dois meses para as eleições, ele vai botar comida, três refeições por dia, o café da manhã, almoço e janta na casa de todo mundo que está passando fome? Não vai resolver isso mais. Isso é uma questão de Governo e não tem mais nada no país. Eu nunca tinha visto... Fui juiz federal por 20 anos, fui procurador do Estado, tenho 53 anos, eu nunca vi uma destruição como nós estamos agora. Eu nunca vi, social.. nada. Um dia comentei com minha filha caçula, falando e ela perguntou: pai, o que você achou. E eu falei... Eu nasci em 1969, passando pela Ditadura, o Movimento Estudantil, a reconstrução do país, as eleições, várias, o impeachment do Fernando Collor, vários cenários, e nunca pensei que fôssemos regredir. Essa regressão que a gente teve de tudo.
Por isso que estou dizendo que a questão nossa, de mandato federal, é o resgate dos Direitos que o país perdeu, perdeu tudo. Todos perderam. Não é uma coisa que se fala, ‘ah foi só uma faixa de pessoas. Não é assim.
Eu vi a campanha do Bolsonaro tentando resgatar o voto das mulheres, porque as mulheres majoritariamente não votam no Bolsonaro. Aí bota Michelle pra falar, mas nada, de forma nenhuma vai apagar a retirada dos Direitos das mulheres, as ofensas. E isso é uma falta de respeito. O que ele fez com as crianças, com adolescentes, com a Educação brasileira. O nível de participação no Enem, os menores índices estão no Governo Bolsonaro.
Bolsonaro não mandou um prego pra cá. Nenhum prego!
Alguns analistas dizem que as próprias falhas do PT ajudaram a construir Bolsonaro. O PT então também deveria rever algumas questões?
Não acho.
Assustou muito nas eleições passadas para parcela da população, o contexto da cartilha da ideologia de gênero na Educação, por exemplo, que depois foi negado pelo Governo à época.. Acredita então que existem pontos que podem ser revistos?
Todas as Instituições estão sujeitas a erros e acertos, em mais de 2000 anos têm seus erros e acertos, normal. E hoje o maior líder mundial eu acho que é o Papa Francisco, o maior líder que a gente tem no mundo.
Veementemente digo, o Bolsonaro não é culpa do PT (risos). Quem votou em Bolsonaro foi a elite nacional, não foram nem os pobres. Quem botou Bolsonaro presidente foi a elite nacional, ou seja, os grandes empresários, os bancos, grupos de mídia, as corporações. No governo Bolsonaro, se uma mulher é estuprada, só faltam dizer que a culpa é da mulher, é da vítima, ‘ah ela provocou’, isso é o governo Bolsonaro. Só para fazer um paralelo dessa história. É igual o Bolsonaro, a gente não pode falar que é culpa do PT. O PT foi vítima, quem sofreu um impeachment ilegal, um golpe de Estado foi a presidente Dilma. Ela é vítima. Então não podemos culpar, como o caso paralelo da mulher que sofre violência sexual.
Você está culpando a vítima. A ex-presidente Dilma, não tem nada contra ela. Vamos ser sinceros. Se comparar o governo Dilma, o mandato foi um golpe de Estado. Então não vamos pedir para a vítima fazer ‘mea culpa’. Não tem jeito, quem é responsável e quem tem que fazer ‘mea culpa’ é que votou em Bolsonaro.
E volto a dizer que foram os grandes grupos de mídia, os grandes grupos empresariais como o agronegócio e corporações de estado, como o Judiciário, Ministério Público, e militares, ou seja, agora ele é o filho sem pai, o filho rejeitado.. Não! Tem pai e tem mãe! O Bolsonaro tem pai e tem mãe e não é o PT.
Estado
Sobre as articulações no Estado, como o PT está trabalhando o projeto 2022 e possibilidade de um candidato ao Governo?
Olha, eu não sou muito de fazer crítica ao PT, mas agora sou obrigado a dizer que a direção do PT no Estado foi muito mal até agora na condução política dessas questões, porque nós temos um candidato fortíssimo à presidência da República e deve ganhar a eleição no primeiro turno e aqui no Estado o PT não tem nenhum protagonismo do ponto de vista das definições políticas no Estado.
Acho natural dialogar com o agronegócio, não tenho nada, nenhum questionamento crítico com relação a isso. Acho que precisamos vencer a eleição, como já disse, um governo de reconstrução, novamente de construir as telhas que ligam aos vários setores da sociedade brasileira e aqui no Estado também. Tem que dialogar com todos. Mas acho que faltou essa intensificação na direção do PT no estado nos diálogos, na construção de candidaturas. Me parece que a direção do partido não trabalhou para isso, seja de candidaturas dentro do PT, seja para candidaturas dentro da Federação Nacional, que é o PT, PV e PCdoB.
E nessa questão deixa o Emanuel Pinheiro tomar o protagonismo numa história que sinceramente, não entendo o protagonismo dele, porque ele está com o pé em duas canoas, a mulher dele está dentro da Federação e está dizendo que quer construir a oposição ao Mauro Mendes, mas ao mesmo tempo o filho dele está no outro barco pedindo voto para o Mauro Mendes e o Bolsonaro. Eu não entendo isso. Então me parece que nesse sentido a direção do PT trabalhou mal aqui no Estado.
Então o palanque do Mauro Mendes com Bolsonaro está certo, eles são iguais, a diferença está só no sapato.
Nomes para uma liderança de chapa...
Eu não sei o que está sendo discutido pela direção na Federação, mas parece que houve uma derrapagem política aí. Hoje vi o Fávaro desistindo... Nunca foi e desistiu por cima não é? (risos).. foi sem nunca ter sido (risos). É uma coisa assim que acho que não deveríamos ter. O PT devia ter construído um nome, poderia nem ser do PT do nome próprio, mas não chegaríamos agora nessa hora de definição com esse tipo de impasse. Então ficaram na mão do agronegócio. A gente tem que discutir, se abrir, não há nenhum tipo de problema nisso, mas ficar na mão do agronegócio acontece isso. Desiste e aí?
Dentro desse contexto que está hoje, com essa fragilidade como o senhor mesmo apontou, acredita que a oposição possa ainda ter um candidato ao Governo com chance real de vencer o atual Governo – considerando nesse quadro a insatisfação de muitos servidores?
Vou responder para você me lembrando de uma enquete que não lembrou se era da Porta dos Fundos ou do Casseta e Planeta, pra fazer a referência. E dizia assim: entrevistando o Ronaldinho, a paródia, o Ronaldinho Gaúcho na Copa do Mundo e ele sambando e dizia para ele, ‘mas e aí, a seleção’ e ele dizia, parava e falava ‘vai ter jogo’. Vai ter jogo (risos), vai ter jogo. Não tem essa história. O governador é o Bolsonaro de grife. É só isso! É o mesmo governo, a mesma política, pode pegar a saúde, ambiental, políticas públicas, é só isso. É a mesma coisa. Então o palanque do Mauro Mendes com Bolsonaro está certo, eles são iguais, a diferença está só no sapato.
Vai ter jogo porque aqui no Estado o Lula já está liderando nos centros de cidades como Cuiabá, Várzea Grande, Rondonópolis, em centros urbanos o Lula hoje já está à frente do Bolsonaro. As forças políticas desse campo vão ter representante, mas essa questão da definição, você não pode errar na hora... É como você pintar um quadro e no final do quadro você deixa cair um balde de tinta no quadro.
Na hora da definição você não pode errar nesse tipo de coisa. Não pode deixar o balde cair. Acho que isso está em tempo de correção e vai ter campo. Até porque se pegar a onda Bolsonaro 2018, que era Wilson Witzel (ex-governador/RJ). No Rio de Janeiro ganhou a eleição de governador. Quem era o Zema (Romeu Zema - atual governador/MG), ganhou a eleição. O João Doria ganhou em São Paulo na mesma onda, mas ele já era prefeito e tal. Então foi se construindo, e política se constrói assim.
Acho que dentro dessa definição nacional o jogo começa agora na prática. Eu não tenho uma data, o pessoal fala assim, ‘ah pré-campanha’. Pré-campanha faz quem tem estrutura. Para os demais candidatos, começa com a convenção a campanha.
O que tem de obra do Governo do Estado aqui?
Como está o planejamento do seu projeto?
O financiamento é público. Na prática, quem não tem mandato, não tem estrutura para fazer pré-campanha. E é bom lembrar que a senadora Selma foi cassada por recursos de pré-campanha. As coisas são diferentes na prática agora, você não pode sair gastando. Mesmo os que tem direito, salvo os que tem mandato, que continuam fazendo. Os outros só a partida começando e a hora que tiver recursos. Então tem sido campanhas curtas, eu chamo campanha de tiro curto, mas que também não acho que seja assim ruim, porque as pessoas estão se preocupando com a eleição agora.
Acha que as pessoas estão mais atentas?
Acho. Na nossa pré-campanha estamos fazendo, por exemplo, não estamos em mandato, não temos recursos, e vamos já que começa com a convenção. Mas particularmente é um nome e disputamos a eleição aqui, conhecido no Estado. Agora quem não é (conhecido) e está vindo talvez tenha mais dificuldade, mas acho que devemos eleger deputados.
Projeto.
Acho que me elejo, e o PT acho que mantém seus dois deputados na Assembleia Legislativa, deve ampliar a Federação. E eu acho que desta vez vai ser diferente, porque a onda não é bolsonarista, a onda é vermelha. A onda é vermelha. Se o Estado quiser ficar bem no Governo Lula tem que ter parlamentares da base do Governo Lula.
Pego o exemplo do deputado Barbudo, ele é da base do Bolsonaro e não trouxe um prego para o Estado em quatro anos do governo Bolsonaro. Se ele for eleito, aí que não vai trazer mesmo (risos). E o Estado não precisa disso.
Nós precisamos ter o que o Estado tinha quando o Governo Lula era o presidente, ou seja, se você pegar Cuiabá essas construções que nós tivemos aqui na cidade. Foi por obra e graça da Copa?
Tudo bem, mas foi tudo no Governo Lula, senão não teríamos até hoje essa estrutura viária que temos aqui. As trincheiras. Tinha trincheira em Cuiabá antes do Governo do PT... Nunca teve, mandou PAC para Cuiabá, tem a questão do esgoto que deu problema na gestão do Wilson Santos, mandou PAC para Várzea Grande, enfim, para saneamento, mandou dinheiro para reforma o aeroporto de Cuiabá/Várzea Grande que eu não entendi por que que não reformaram até hoje. Enfim, o que teve em Cuiabá, na Baixada Cuiabana, que lembrou foi um dos governos petista. Bolsonaro não mandou um prego pra cá. Nenhum prego! Então você fala: ‘aqui na Baixada Cuiabana’, nada! Nenhum prego. Então eu acho que vai ser melhor para o Estado ter deputados que sejam da base do Governo.
Se você pegar os recursos do Rodoanel, a duplicação de avenidas que foram feitas aqui, trincheiras, as obras do VLT que esse Governo do Estado abandonou, o que é ridículo, R$ 1,2 bilhão para botar ‘busão’ para a turma de novo... Em Várzea Grande está pronta a estrutura do modal lá. Do Aeroporto até a praça do Porto está pronto, ou seja, falta a construção de alvenarias, de estações. Eu brinco e digo: se eu fosse governador eu botava para funcionar do Aeroporto até o Porto! Os cuiabanos ficariam com inveja dos várzea-grandenses... Está pronto, vai fazer o quê, destruir? É mais fácil. Se você pegar o metrô de Londres começou a construção por volta de 1854.
É a favor então de concluir a obra?
Sim, sou a fazer de concluir, só que temos que saber se tem dinheiro, mas a parte que já está pronta, bota para funcionar, e vai fazendo. Assim que a gente faz numa casa, a gente não faz puxadinho em casa? Você fala assim, ‘preciso construir ali”, e vai indo, vai indo e você faz, não faz. O metrô de Londres, está em construção até hoje. Só que você anda de metrô pela cidade inteira, mas está em construção até hoje. Então não é assim. A maior estrutura metroviária do país é de São Paulo, da cidade de São Paulo, até hoje está em construção e não vi ele cair em buraco, desabando lá em termos de acidente de obra. Então até hoje, e não é algo que se faz e está pronto. Eu acho que faltou essa questão de gestão de administração dos dois governadores, tanto do Pedro Taques quanto do Mauro Mendes.
E isso é falta de?
Falta de vontade política. Não quer fazer. Não vão fazer. Eu acho que não gostam dos cuiabanos na minha opinião, porque o mesmo governador que não quer concluir o VLT Cuiabá/Várzea Grande é o mesmo governador que disse que vai dar dinheiro para construir ferrovia no interior para o sojicultor. Qual que é a diferença do dinheiro? Aqui é para transportar pessoas. Lá é para transportar soja.
Então tem dinheiro para construir trem para soja mas não tem dinheiro para os cuiabanos e várzea-grandenses andarem de trem. São escolhas políticas. E esse é o problema.
Em se falando de gestão, como avalia a administração Mauro Mendes.
Horrível!
Por quê? Ele (Mendes) sempre pontuou que pegou quase R$ 4 bilhões de déficit e arrumou o Estado e que hoje tem sobra de mais de R$ 5 bilhões...
Nós moramos em Cuiabá, não é isso? O que tem de obra do Governo do Estado aqui? Ele fechou a Trincheira da Jurumirim por seis meses para recapear. Levou seis meses e causou um transtorno para a cidade inteira. E a única obra que tem lá ele botou uma placa: ‘reparando defeitos da obra da Copa, não sei o que’. Só inaugurou antes, porque o povo começou a reclamar, porque senão ele ia esticar o máximo para poder fazer a inauguração de recapeamento da trincheira. Então não tem nada. Não tem absolutamente nada.
Eles preferem a máfia do asfalto, tem os outros interesses.
Mas o Governo inaugura obras, como escolas, na infraestrutura, parcerias na saúde...
Essas coisas aí são, como dizem ‘os espelhinhos que davam para os índios, os portugueses’ (risos) miçangas e espelhinhos (risos). Por que não concluiu a obra do VLT? Isso é importante.
O Governo alega o estudo...
Não. Tanto que o TCU não quer deixar. O Tribunal de Contas da União não quer deixar mudar para busão. O TCU está errado?
O Governo diz que sim.
(Risos) O TCU não está errado. O TCU disse, ‘olha, já investiu, tem isso, o modal aprovado.. É mais fácil concluir. Porque o TCU não vai aceitar que você destrua tudo o que foi construído lá na Várzea Grande, do Aeroporto até o Porto. Você vai destruir aqui? Vai recapear, botar asfalto lá para dar busão? Então o TCU não está errado. E o governador está (errado), porque tem os outros interesses. Eles preferem a máfia do asfalto, tem os outros interesses.
Máfia do asfalto?
Sim. As empresas de ônibus, os que vivem disso... Tanto que eu já disse, é o mesmo orçamento do Estado que é o orçamento para construir trem para transportar soja e não tem recurso para concluir os trilhos entre Cuiabá e Várzea Grande. Por quê? Um transporta pessoas e o outro transporta soja. É uma escolha política e o Governo escolheu o Governo Bolsonaro. Não tem nada nesse Estado.
É o mesmo Governo do Pedro Taques, é o mesmo grupo, a mesma base parlamentar na Assembleia Legislativa, a mesma. Só tiraram um governador e botaram o Mauro Mendes, mesma base, o Blairo Maggi da soja, a turma toda. É o mesmíssimo Governo que se iniciou em 2015 (Pedro Taques), só trocou o governador.
Chutaram um e botaram o outro, mas a mesma coisa. Na época era até o mesmo líder na Assembleia, o Dilmar, a mesma base política, a composição de deputados do PT a mesma que era do outro Governo, só trocou o governador, mais nada.
Mensagem.
Acho que ressaltar o que eu já disse, o momento do ponto de vista histórico do país que mais precisa dos brasileiros. Os brasileiros precisam do país mas nesse exato momento os brasileiros precisam ajudar o país, ou seja, reconstruir tudo o que foi destruído, reconstruir direitos, respeito, dignidade, empregos, comida... Eu me lembrou, só para fechar, que o primeiro ato do Lula em 2003 na sua posse, todo mundo achou que ia ser um impacto. E qual foi o impacto? O Fome Zero, aí ‘ah é assistencialista’... Não! Por incrível que pareça o primeiro ato tem que ser o Fome Zero de novo, fazer as pessoas comerem, sai da fila do ossinho. Esses dias eu estava em São Paulo, fui ver um caso lá, estou conversando com um colega advogado lá, ele defendendo o sujeito que não queria sair da cadeia!
Não queria sair da cadeia porque tinha comida...
Sim, porque ele tinha comida. Aí ele (advogado) falou, ‘você tem que sair’, chegou o alvará (de soltura) e ele (preso) disse: ‘não dá para cumprir o alvará assim seis horas, porque chegou de manhã, às 10 horas’ (o alvará). Aí ele falou, ‘não, seis horas’. ‘Mas por quê’. ‘Vai e sai, tem que sair’. Ele (preso) falou: ‘não, porque aí eu almoço e seis horas eu janto. Entendeu? Esse é o problema que temos que enfrentar. Voltamos 20 anos atrás, no mínimo.
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