Sonia Mazetto
Em 2023, uma pesquisa mostrou uma realidade que não pode ser ignorada: em 40,2 milhões de domicílios particulares permanentes, a responsável pela família era uma mulher, enquanto os homens ocupavam essa posição em 37,5 milhões de lares. Os dados são do Relatório Anual Socioeconômico da Mulher (Raseam 2025) que revelam a gama crescente das mulheres na sustentação das famílias brasileiras, tanto econômica quanto socialmente.
No entanto, essa presença tão marcante contrasta com o ambiente em que elas ainda vivem – um cenário marcado pelo medo, pela falta de respeito e pela constante ameaça de violência, que tem ido cada vez mais além. E, mais do que nunca, precisamos discutir não apenas as leis e as políticas públicas, mas também a maneira como comunicamos esse problema.
A neurociência e a Programação Neurolinguística (PNL) já demonstraram que as palavras têm um efeito profundo sobre nossa mente. Quando repetimos incessantemente termos como violência, feminicídio, agressão, fixamos essas imagens em nosso imaginário coletivo. É como quando pedem para não pensar em um elefante branco e a imagem surge imediatamente. Assim, campanhas que giram apenas em torno do que é violento podem, sem querer, reforçá-lo.
É evidente que não podemos silenciar as vítimas nem invisibilizar o problema negando a realidade. Essa é a hora de repensar a comunicação, buscar uma mudança de narrativa. O que aconteceria se falássemos de campanhas a favor da vida, do respeito, da ética, da amorosidade e do acolhimento? Se, em lugar de reforçar constantemente a palavra "feminicídio", valorizássemos a narrativa de mulheres que vivem com dignidade, autonomia e respeito?
As mulheres, que já são a maioria à frente dos lares, precisam ser vistas não apenas como sobreviventes de uma sociedade hostil, mas como protagonistas de uma nova forma de organização social. Nossas palavras reverberam no mundo, cabe a nós escolher expressões que fortaleçam e inspirem, em vez de termos que aprisionam a mente no ciclo do medo e da dor.
Ainda que haja controvérsias, pesquisas do biofísico e biólogo molecular Pjotr Garjajev sugerem como o que se fala e o que se ouve pode alterar até mesmo o DNA. Outro resultado semelhante partiu do experimento do pesquisador Masaru Emoto sobre como palavras, intenções e emoções podem afetar a matéria. Outros estudos, como os do Dr. Andrew Newberg, mostram como a fé e a linguagem influenciam o cérebro humano.
O desafio não é pequeno, mas a luta das mulheres não deve ser apenas contra a violência, sobretudo a favor de uma sociedade que reconheça seu valor e sua humanidade. Pois se quisermos realmente construir uma sociedade em que mulheres e meninas tenham garantido o direito a uma vida saudável, digna e respeitosa é preciso que nossas leis, campanhas e conversas deixem de ser apenas um espelho da violência, elas precisam ser um projeto de vida.
Falar de morte não preserva a vida, o que preserva é a valorização dela em todas as suas dimensões e o Brasil, que hoje já se sustenta majoritariamente nos ombros femininos, precisa reconhecer isso nas palavras que escolhe e nas ações que implementa em campanhas pelo respeito à vida da mulher.
Sonia Mazetto - Gestora de Potencial Humano, Terapeuta Integrativa, Fonoaudióloga e Palestrante.
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