Fábio de Oliveira
Se quer prever o futuro, estuda o passado. A frase atribuída ao filósofo chinês Confucio encontra eco na realidade em que vivemos hoje, com gastos desenfreados do dinheiro público em nome da pandemia do novo coronavírus. Não, não estou defendendo que não sejam utilizados recursos e nem que eles sejam poupados no que se refere a salvar vidas,garantir atendimento de qualidade aos doentes e uma renda a quem viu, da noite pro dia, seu trabalho sumir. Uso esta frase para verificar que seis anos após a Copa do Mundo de 2014, um dos males da preparação para o evento volta às manchetes: a corrupção.
Praticamente todos os dias os veículos de comunicação trazem em suas notícias informações de operações policiais e de outros órgãos de controle na apuração de desvio de recursos públicos que deveriam ser usados para a aquisição de respiradores, testes, na construção de leitos de UTI e de hospitais de campanha. Se a corrupção, o roubo do dinheiro do povo, é um crime odioso por si só, ele ganha contornos ainda mais repulsivos quando estamos falando de salvar vidas, de evitar mortes, de dar dignidade às pessoas em uma situação tão difícil.
No período que antecedeu a copa, gestores públicos dos mais variados níveis, das mais diferentes localidades, esbanjaram, em nome de um padrão, todo o dinheiro que puderam na construção de estádios e outros equipamentos públicos. Antes de entrarmos na esfera local para resgatarmos este problema, vamos apenas falar do Estádio Mané Garrincha, construído em Brasília, que custou mais de R$ 1,7 bilhão e, mesmo antes da pandemia suspender as aglomerações em eventos esportivos, estava às moscas.
Falar das obras da copa em Mato Grosso não serve para resgatarmos nossa memória. Quem vive em Cuiabá e Várzea Grande tem, bem no meio das duas cidades, uma verdadeira cicatriz da corrupção, as obras inacabadas de implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), que nos lembram o tamanho do mal causado por este crime. Podemos seguir para um centro de treinamento entregue recentemente, um estádio com sérios problemas estruturais, entre outras instalações, todas, como bem disse o ex-governador que comandava a equipe responsável pela construção, infectadas pelo vírus da corrupção.
Estudando o passado era de se prever que haveria alguma tentativa de se aproveitar desta crise sanitária, humana, econômica, ambiental, a maior de nossa geração. Mas jamais se imaginaria que o roubo ocorresse de forma tão escancarada, tão vil, tão baixa, com seus partícipes demonstrando claramente não possuir nenhum pingo de empatia, amor ao próximo, solidariedade, nada positivo.
Parabéns à polícia e aos órgãos de controle, que desta vez estão atuando de forma muito mais célere e proativa do que há seis anos. Que todos estas pessoas, após o devido processo legal, sejam punidas com o rigor da lei e que ao estudarmos os tempos de hoje quando eles forem passado, tenhamos superado o mal que mais nos assola: a corrupção.
Fábio de Oliveira é advogado, contador e mestre em ciências contábeis.


Ainda não há comentários.
Veja mais:
Em Cáceres: Operação mira faccionados por tráfico de drogas
Em VG: Polícia Civil confirma prisão de acusado de homicídio
Receita abre consulta a lote da malha fina do Imposto de Renda
Lavagem de dinheiro: PF cita R$ 66 mi e prende servidor público
Levantamento do Gefron aponta prejuízo de R$ 390 mi a facções
Emendas impositivas: comissão na AL quer padronizar normas
Mulher Potência: a força das comunidades femininas de negócios
A imortalidade que habita em nós!
Sinfra aponta convênios com R$ 4,5 bilhões em investimentos
Lula indica Messias para vaga de Barroso no STF