• Cuiabá, 16 de Novembro - 2025 00:00:00

Gestão e Contabilidade superam fronteiras com uso de Inteligência Artificial


Mauricio Frizzarin

A forma como fazemos negócios vem passando por profundas transformações. A Inteligência Artificial (IA) já não é mais um tema restrito à tecnologia, ao contrário, está remodelando profissões inteiras. A contabilidade, por exemplo, é uma das áreas que mais têm a ganhar com isso.

No Brasil, onde o setor contábil ainda enfrenta desafios como excesso de burocracia, fragmentação tecnológica e dificuldade em agregar valor estratégico ao cliente, a IA surge como um divisor de águas. O país avança com ritmo consistente. Segundo a KPMG, 58% das empresas brasileiras já estão implementando soluções de IA em suas áreas de finanças e 15% afirmam estar em estágio de maturidade no uso dessas ferramentas. Além disso, 42% das organizações destinam entre 5% e 10% do orçamento de TI especificamente para iniciativas de inteligência artificial — um sinal claro de que a transformação digital é prioridade.

Durante décadas, o contador foi visto principalmente como o "guarda-livros" — aquele que registra, apura e entrega obrigações fiscais. Hoje, essa função está sendo automatizada com rapidez. Ferramentas baseadas em IA - que já podem ser consideradas como obrigatórias nos escritórios de contabilidade - conseguem importar dados de notas fiscais, classificar lançamentos contábeis, gerar balancetes e até revisar demonstrações financeiras com alto grau de precisão. No contexto da chamada Contabilidade 4.0, estudos brasileiros apontam que profissionais que dominam tecnologias digitais podem aumentar sua eficiência em até 50%. Esse ganho de produtividade libera o contador das tarefas repetitivas e permite concentrar sua atuação na análise, na estratégia e na geração de valor.

Essa mudança já é percebida globalmente: uma pesquisa internacional sobre o futuro da contabilidade revelou que 71% dos profissionais esperam transformações significativas na profissão impulsionadas pela IA. E, embora o Brasil ainda caminhe em direção à maturidade tecnológica, as bases estão sendo firmadas, com softwares incorporando gradualmente recursos inteligentes que melhoram a qualidade dos serviços contábeis.

A IA é hoje uma das ferramentas mais poderosas para aumentar a eficiência e a escalabilidade de um escritório contábil. Um sistema inteligente pode processar milhares de documentos em poucos minutos, cruzar informações com bases públicas, identificar inconsistências e emitir relatórios de auditoria com agilidade inédita.

Na prática, isso significa crescer sem necessariamente expandir a estrutura física. Com automação e análise preditiva, o contador passa a atender mais clientes com o mesmo time e com mais precisão. Esses ganhos não são apenas operacionais, mas permitem que os escritórios se posicionem como consultores estratégicos, oferecendo análises tributárias em tempo real, projeções financeiras e indicadores personalizados para cada cliente. Assim, a contabilidade deixa de ser um centro de custo e passa a ser um parceiro ativo na tomada de decisão empresarial.

Naturalmente, a integração da IA à rotina contábil não ocorre sem desafios. Entre os principais estão a qualidade e segurança dos dados, a capacitação profissional e a mudança de mentalidade. Superar essas barreiras exige um plano claro, que envolve o mapeamento dos processos repetitivos a fim de automatizá-los com ferramentas seguras; garantir qualidade de dados; capacitar equipes; além de começar com projetos-piloto (como automação de lançamentos) e ampliar gradualmente para áreas de consultoria e análise preditiva. O aprendizado contínuo é essencial!

Vale ressaltar, que mesmo considerada obrigatória nos escritórios de contabilidade, a IA não ameaça a profissão contábil, ela a eleva. O contador que compreende o potencial das novas tecnologias amplia seu papel como analista, estrategista e guardião da saúde financeira das empresas. Aliás, com a IA, um escritório localizado em uma pequena cidade do interior pode atender empresas de qualquer lugar do mundo com a mesma eficiência e qualidade das grandes firmas de auditoria. Afinal, a tecnologia quebra barreiras geográficas, acelera processos e permite um nível de personalização que antes era inviável.

O Brasil vive um momento decisivo: há tecnologia disponível, interesse do mercado e clientes cada vez mais digitais. Cabe agora aos escritórios contábeis e às empresas decidirem se querem ser parte da transformação ou espectadores dela.

 

*Mauricio Frizzarin é fundador e CEO da QYON Tecnologia, empresa norte-americana especializada no desenvolvimento de softwares para gestão empresarial com inteligência artificial. Frizzarin cursou Tecnologia de Software e Marketing, OPM (Owner/President Management) na Harvard Business School, Executive Education em Inteligência Artificial na University of California, Berkeley e em Fintech em Harvard - www.qyon.com 




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