Em Cuiabá, escondido entre as matas, existe um jardim encantado. Quem passa por lá sente que o tempo muda de ritmo: a pressa fica do lado de fora e o coração encontra espaço para respirar.
Uma vez por mês, esse jardim ganha cores ainda mais vivas. Não é apenas um lugar, é um ponto de encontro. Gente que gosta de samba, de axé e de boas energias se reúne com um mesmo propósito: elevar a alma e deixar a alegria florescer. Entre sorrisos e abraços, todos cantam para os Orixás, pedindo proteção e bênçãos para cada pessoa presente.
O som dos tambores ecoa como batida de coração. As palmas acompanham, firmes, e o ar se enche de reza, canto, dança e emoção. Há quem feche os olhos para sentir, há quem balance o corpo em compasso, e todos, de alguma forma, se deixam levar.
Ali, o sagrado ancestral desperta em cada gesto simples. Uma voz que entoa, um repique que ressoa, um Axé que se espalha em forma de sorriso. Tudo convida à cura, à paz e à renovação.
Na casa de Zé Pelintra, cada canto guarda histórias e amigos. É um espaço de união, onde a intolerância não encontra morada e onde o amor, a fé e o perdão se tornam a verdadeira linguagem.
E assim, domingo após domingo — dia de Oxalá —, o jardim se ilumina. Quem entra ali descobre que respeito e união são caminhos de luz. Afinal, não importa de onde viemos ou como chamamos o Divino: todos somos filhos do mesmo Deus.
*Soraya Medeiros é jornalista com MBA em Marketing, formação em Gastronomia e certificação como sommelier. Une comunicação, estratégia e enogastronomia.
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