A sociedade brasileira, como não poderia deixar de ser, encontra-se perplexa e traumatizada com o tamanho da devastação que a pandemia da Covid-19 impõe ao País há um ano. Hoje, pelos números, praticamente já não se conhece uma família que tenha sido poupada da dor da saudade pela perda de um ou mais entes queridos ou de dias de medo e aflição com o vírus incorporado no seu dia a dia.
São mais 11 milhões de pessoas infectadas, cujos diagnósticos, em muitos casos, significaram dias de tormentas. São 275 mil mortes, que significam danos irreparáveis às suas famílias; um recorde macabro superior a 2 mil óbitos diários em todo o Brasil, com previsão ainda mais hedionda que aponta que se pode chegar a 3 mil mortes/dia.
Não bastasse isso, a família brasileira se queda horrorizada neste momento com a fila da internação. Pelo menos 25 das 27 capitais brasileiras já esgotaram ou estão a ponto de esgotar a capacidade de suas Unidades de Terapia Intensivas, as UTIs.
O brasileiro também se sente desorientado pela confusão com o volume esmagador de versões sobre a pandemia e cobra respostas das autoridades sobre o estão fazendo para enfrentá-la e sobre os resultados desses esforços. É alarmante para qualquer um ler na imprensa, por exemplo, que o Ministério da Saúde admite que a vacinação no Brasil pode parar por falta de doses. Em outro momento, se diz que o Brasil pode produzir sua própria vacina. Dali a pouco a população recebe outra informação. E assim vamos nos revezando entre a agonia e a esperança.
Está mais que provado – e desnecessário apontar por outro caminho – que a atitude eficaz nessa guerra contra o coronavírus é a vacinação. É preciso buscar essa vacina onde ela estiver e não importa o seu preço. Ao mesmo tempo, temos urgência em encontrar respostas para aquelas dúvidas angustiantes que estão na cabeça de todo o mundo:
- Quando chegará a vez de cada um ser vacinado?
- A quantidade de vacinas disponíveis será suficiente para todos?
- Como o atual ritmo da vacinação pode ser acelerado? (Até agora, apenas 4% da população já recebeu a 1ª dose, e somente 1,5% tomou a 2ª dose.)
- Enfim, quando este pesadelo vai acabar e o brasileiro receberá de volta o direito a uma vida normal?
Fato é que o brasileiro, pela sua característica pacífica e ordeira, merece solidariedade, respeito, empatia e, sobretudo, afeto. Só não merece jamais o tormento e a agonia pelos quais a Nação está passando. E ainda acrescento: nenhuma economia funcionará adequadamente com 2 mil mortes por dia. Portanto, a prioridade é uma só: salvar vidas.
Como relator da Comissão Temporária Especial criada pelo Senado para acompanhar as ações de enfrentamento a pandemia, tenho pregado a necessidade de que as três esferas de poder falem a mesma língua, harmonizem perspectivas, conjuguem esforços — enfim, acertar o passo e remar o barco-Brasil na mesma direção e no mesmo sentido. É preciso trabalhar para facilitar a convergência e a sinergia que estão faltando para sairmos todos juntos e o mais rápido possível desta calamidade sanitária. E já começamos!
Aliás, alguns objetivos já começam a pontuar no trabalho que a Comissão Temporária Especial do Senado, liderada pelo senador Confucio Moura, de Rondônia, passou a desempenhar nesse contexto. Importante citar a ação, com o apoio dessa Comissão, dos governadores do Consórcio de Desenvolvimento do Nordeste, liderados pelo governador Wellinton Dias, do Piaui, que busca a aquisição de 39 milhões de doses da vacina Sputinik. Ou mesmo do próprio Governo, que acaba de assinar acordo para mais 10 milhões de doses com o mesmo fabricante.
Com a celeridade que o momento exige, tais respostas certamente vão arrefecer os ânimos, na trilha da certeza de que logo se seguirá dias melhores para que o Brasil volte a sua normalidade. Até lá, que sigamos as recomendações da ciência, exercendo o direito a vida com o distanciamento social, higienização das mãos e uso de máscaras.
Wellington Fagundes é senador por Mato Grosso e relator da CTE Covid do Senado.
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