Há muito tempo o Brasil e, principalmente, os produtores de alimentos do país defendem um justo pagamento por serviços ambientais. Não se trata apenas de compensar a nação pela conservação de sua biodiversidade, mas de dar condições para que sua população tenha acesso ao desenvolvimento. As pessoas, infelizmente, hoje estão com fome. Mas elas precisam de mais do que comida.
No Brasil, os recursos prometidos por países desenvolvidos para conservação da Amazônia precisam chegar lá na ponta, para quem vive na região. As tecnologias existentes hoje, aliadas com pesquisas, podem viabilizar a implantação de atividades econômicas com a conservação ambiental.
Em esfera global, o que fica cada vez mais claro é que os impactos das mudanças climáticas afetam principalmente os mais vulneráveis. Que não por acaso são os mais pobres. Cobrar das nações ricas e desenvolvidas é justo não apenas porque têm dinheiro e tecnologia, mas porque são responsáveis por grande parte das emissões que afetam a estabilidade climática.
Quando se fala dos impactos das mudanças climáticas, não se faz referências apenas às secas mais prolongadas que afetam a agricultura brasileira, ou às grandes nuvens de fumaça que chegam aos grandes centros no nosso país.
Entra nessa conta a ameaça de desaparecimento de países que estão na América Central e as tragédias que atingiram o Paquistão e viraram exemplo durante a COP27. Enquanto a Europa teme um inverno rigoroso por falta de gás para ligar os aquecedores, países pobres vêem sua população morrer em grandes enchentes.
As discussões finais da COP27, realizada no Egito, caminham para a criação de um fundo voltado justamente para os países vulneráveis mais afetados pelas mudanças climáticas. São ações que buscam fomentar a distribuição de água em países africanos, auxiliar na adaptação de cidades para que sejam mais seguras e resistentes à mudanças climáticas, adaptar sistemas produtivos, enfim, uma série de iniciativas que requerem duas coisas: dinheiro e vontade política.
O objetivo final, de acordo com as propostas, é aumentar a resiliência de 4 bilhões de pessoas que vivem nas comunidades mais vulneráveis ao clima até 2030.
Os discursos são bonitos, mas precisam ser levados a sério . Fazer com que toda a boa vontade dos ricos desenvolvidos chegue de fato aos que também querem a oportunidade de viver bem. O Brasil tem a oportunidade de ser um exemplo mundial de conservação e produção.
O agronegócio é sim um aliado para tudo isso. É com o potencial agropecuário que o nosso país vai gerar riquezas para as pessoas, continuar levando alimentos para os quatro cantos do mundo, sem a necessidade de destruir nossa biodiversidade. Precisamos de recursos para continuar investindo em tecnologia, infraestrutura e capacitação. E o Brasil vai levar toda essa expertise para outras nações vulneráveis, mas que também possuem um enorme potencial agroambiental.
*Luciano Vacari é gestor de agronegócios e diretor da Neo Agro Consultoria & Comunicação.
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