Num encontro em Brasília, Mauro Mendes sugeriu que se tomasse a terra de quem desmatasse ilegalmente o cerrado. Já se falou disso também, não só o Mauro, sobre as terras da Amazônia do estado. É uma medida dura, mas pedagógica.
Não é possível que a grande maioria obedeça as normas de não desmatamento ilegal e seja prejudica por um número mínimo de gentes que não obedecem essa regra. É que, o leitor sabe, o exterior, principalmente a União Europeia, não quer comprar produtos do Brasil, em particular de Mato Grosso, se houver desmatamento ilegal.
O produtor pode achar que está enganando compradores ao desmatar de maneira não legal mais hectares de sua terra. É um erro porque a NASA, a agência norte americano, está monitorando isso e pode apontar o dedo para aquele que não cumprir essa regra de defesa do meio ambiente.
Mato Grosso tem terras suficientes para produzir só com as já desmatadas. A ciência e a tecnologia têm ajudado no aumento da produção com sementes diferentes e mais produtivas. O estado produz por hectare o que qualquer país produz.
Além disso, se tem no estado milhões de hectares de terras de pastagens que poderiam ter parte incorporada à produção agrícola. Cada dia mais se tem gado confinado e que não usam grandes extensões de pastos. E as chamadas terras degradadas? Aquelas áreas que foram derrubadas lá atrás para se ter empréstimos. Como assim?
É que naquele momento da conquista do norte de Mato Groso ou da Amazônia pelo sul, bancos oficiais, como o da Amazônia e do Brasil, ofereciam empréstimos generosos para que pessoas adentrassem nas florestas e cerrados. É isso mesmo: havia incentivo para derrubar, conquistar e não preservar. Era outro momento local e mundial.
Argui-se também que a fala da Europa em não comprar, se houver desmatamento ilegal, seria uma maneira de impedir o crescimento na produção no campo porque eles não estão conseguindo competir. Buscariam, defende esse ponto de vista, essa escusa para tentar impedir mais produção que possa impactar nos negócios deles na Europa e no mundo.
Tem mais coisas nesse assunto ainda. Uma família possui uma área que dá para o seu sustento. Os filhos vão crescendo, casando e a terra desmatada já não daria para o sustento e ganho financeiro de todos. E aí, desmata ou não um pouco mais da floresta? Se não desmatar, como vão sobreviver? Cadê o dinheiro do exterior que supostamente viria para cobrir casos como esse?
A discussão sobre o assunto é longa e cheia de nuances e detalhes. Mas o bom senso recomenda não desmatar de forma irresponsável a Amazônia do estado ou o cerrado.
Encabula o silêncio sobre esse assunto das entidades dirigentes do agro no estado. Porque não mostrar para os europeus o trabalho que se faz aqui para preservar? Por que não trazê-los aqui para que vejam isso de perto? Não querem melindrar sócios das entidades? E se esse ou aquele estiver prejudicando os demais? Não mereceria ser advertido ou até mesmo punido?
Alfredo da Mota Menezes é professor, escritor e analista político.
E-mail: pox@terra.com.br
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