Sempre tive muita preocupação com a História. Ela é quem baliza o presente e indica o futuro. Na história recente do Brasil ela foi desprezada como sinal de atraso. Burrices ideológicas que o tempo vai corrigir. Lá na antiguidade remota Confúcio já pregava a História como indicadora do presente e do futuro. A burrice já está cobrando o seu preço na atualidade.
Com relação a essa esquizofrenia sobre Amazônia, tem História conexa. Este artigo pretende trazer um pouco da racionalidade das gerações anteriores sobre as atuais. Nada começou agora! Vamos lá. Em 1973 a mesma França que hoje incomoda, liderou dois movimentos. Um, pra permitir a pesca de camarão dentro do mar territorial brasileiro de 200 milhas. A segunda, internacionalizar a Amazônia.
O Brasil deu muitas respostas estratégicas a partir de 1973. Vamos uma a uma enumeradas a seguir.
1 – Construiu duas grandes rodovias visando integrar a região amazônica. A Transamazônica, de São Luis a Manaus. A segunda, a abertura da Cuiabá-Santarém.
2 – criou o projeto Calha Norte, de proteção militar e tecnológica das fronteiras ao Norte.
3 – mapeou o solo e o subsolo amazônico por imagens fotogramétricas através do Projeto RadamBrasil, de 1970 a 1985.
4 – impulsionou a Zona Franca de Manaus, criada em 1957 pra dar ocupação econômica de escala à região com desdobramentos sociais.
5 – dividiu Mato Grosso separando a região Sul que já estava desenvolvida e permitir a concentração de recursos e de projetos na linha da ocupação amazônica a partir de Cuiabá. Aliás, ficou conhecida como “Portal da Amazônia”.
6- Instituiu o programa Marcha para o Oeste sob o lema de “integrar pra não entregar”. O programa permitiu a criação de programas especiais de desenvolvimento tanto no Sul quanto no Norte pra consolidar a ocupação humana. Incentivou-se a vinda de colonos de várias regiões do país para o Centro-Oeste e Amazônia. Em particular para Mato Grosso. Exemplo: Polocentro pra ocupar 1 milhão de hectares do cerrado.
7 – Além da divisão territorial, Mato Grosso foi contemplado com três medidas estratégicas: a pavimentação de Campo Grande e de Goiânia até Rondonópolis e a Cuiabá, a implantação da Universidade Federal de Mato Grosso e a extensão do primeiro linhão de energia elétrica desde Cachoeira Dourada-Goiás até Cuiabá.
8 – Nem tudo correu como se previu. Os investimentos federais na divisão e na efetiva ocupação da Amazônia sofreram forte queda com as duas crises do petróleo, de 1973 e de 1983. Talvez isso explique tantas paranoias hoje pelo que não foi concluído naqueles distantes anos da década de 1970 do século passado.
O assunto continua.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
onofreribeiro@onofreribeiro.com.br www.onofreribeiro.com.br.
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