Nesta segunda-feira no encerramento do 14º. Circuito da Soja, realizado em Cuiabá, reunindo a nata dos produtores e cerca de mil convidados pra uma palestra com o jornalista William Waac, o presidente da Associação dos Produtores de Soja e de Milho, Antonio Galvan, anunciou um grito de guerra.
Relatou a percepção levantada durante as 14 visitas a municípios produtores e colocou-as numa linguagem dura e clara: o clima entre os produtores do agronegócio do Estado e o Governo estadual está muito ruim. Está a um passo do confronto. O tema do 14º. Circuito Aprosoja foi “Custo + Tributação = agricultura em risco”.
Antes da palestra Galvan falou duro sobre a relação do setor por causa da tributação recente e aos desvios dos recursos arrecadados no Fethab pro pagamento de salários do funcionalismo público e outras despesas do custeio. Colocações muito duras sobre a má qualidade das estradas, o mau funcionamento da educação, da saúde, da segurança e do papel do Estado que busca arrecadar cada vez mais sem obter resultados objetivos na redução das despesas. Foi aplaudido sucessivas vezes e não poupou críticas ao gigantismo da máquina pública e ao crescimento das despesas.
Enquanto isso produzir fica cada vez mais caro dentro da conjuntura econômica mundial e das dificuldades financeiras e de logística no país. Ao final foi claro: “o setor vai reagir! Vou consultar os produtores. Todos estão saturados”. Não havia representantes do governo no encontro.
Os deputados federais presentes também incendiaram o clima. O presidente da Aprosoja Brasil não foi otimista e cobrou gestão pública. Colocou de um lado as forças produtivas versus a máquina pública do Estado, gigante, ineficiente e cara. Voraz por recursos pra manter as suas ilhas de privilégios.
A palestra de William Waac traçou cenários políticos muito pessimistas pro Brasil, especialmente depois dos vazamentos na Lava Jato. E citou ainda o crescente clima de confronto entre o presidente Jair Bolsonaro, o Congresso Nacional, e como pano de funcho uma sociedade descrente da política e dos políticos.
Aqui cabe uma reflexão obrigatória: o governo Mauro Mendes e os setores produtivos do Estado precisam conversar urgentemente fora das mesas da Secretaria da Fazenda. O clima crescente de confronto não se resolve à distância. Aos poucos os setores produtivos estão começando a juntar as suas representações pra conversar e pressionar. Do seu lado, o governador corre o risco de ficar sozinho. As corporações públicas são gastadoras e infiéis. Incapazes de enxergar o mundo nas suas cores reais.
A ninguém interessa o isolamento do governador Mauro Mendes, ainda mais no começo do seu mandato. Conversas sobre a mesa pra discutir o clima de guerra!
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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