Alguns anos passam depressa. Outros parecem se arrastar ao longo dos seus 365 dias. Foi o caso de 2018. Ano longo. Difícil. Vai-e-vens constantes na economia e na política. Se não fosse pela esquisita eleição, completamente fora do padrão tradicional, teria sido um ano morto.
Mas acabará em 21 dias. Quem virá depois? Talvez caibam aqui alguns exercícios de adivinhação sobre o futuro do próximo ano e deste pobre país tão arrastado. Acaba um ciclo de ideologias iniciado lá em1995 com Fernando Henrique Cardoso e sua ideologia confusa de centro-esquerda. Seguido do Partido dos Trabalhadores com uma suposta ideologia de esquerda. Passaram os dois. Deixaram legados aproveitáveis e profundos rastros de irresponsabilidade.
Em 2019 deve se iniciar a transição do Brasil centro-esquerda/esquerda para um Brasil que não conseguirá ser completamente de direita porque a cara da direita tradicional no mundo mudou muito nesses últimos anos. Assim como a da esquerda. O diferencial é que a esquerda brasileira tradicional não se vê digna de mudar. Insiste nas mesmas teclas do século 19.
Além do mais o domínio da opinião pública concentrado na mídia tradicional está mudando de canais. Lembremos 1988. Antes da eleição do presidente Collor de Mello, a rede Globo de televisão lançou uma novela construída pra caber dentro dela o perfil do “caçador de marajás” que ela queria eleger no próximo ano. “Salvador da Pátria” foi um folhetim panfletário bem ao gosto das elites de então e do domínio subliminar da mídia sobre uma população civil semi-analfabeta.
De lá pra cá as telenovelas e todos os canais da mídia assumiram o controle da cabeça dos tolos brasileiros. Veio o futebol como religião emburrecedora nacional. Veio a cerveja como outro culto ao vácuo mental coletivo. Um mundo de alienação foi construído em torno desse trio de fatos cruéis. Ao mesmo tempo a educação migrou das salas de aula pra um vácuo que hoje está se completando nos telefones celulares.
O Brasil emburreceu ao limite do limite nas últimas décadas.
De 2019 em diante tem a oportunidade de mudar na mesma onda de mudanças que o mundo está experimentando e vai se acentuar no futuro imediato.
Ao longo de minha vida poucas vezes depositei esperanças em períodos de governo como deposito agora. Não pelo homem ou pelos dirigentes. Mas pela onda coletiva que se formou na eleição e deu um recado duro e claro aos dirigentes do Estado brasileiro: “Fora! Vocês não me representam!”.
Quem sabe 2019 nos represente como tempo de mudarmos.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
onofreriberio@onofreribeiro.com.br www.onofreribeiro.com.br
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