Do ponto de vista econômico, no reduzido período que esteve à frente do governo o presidente Michel Temer promoveu importante avanços. No aspecto conjuntural e também nas transformações institucionais que implementou ou tentou implementar. A despeito de passar ao próximo presidente um conjunto de reformas inconclusas, como a previdenciária, deixa um bom legado econômico ao país.
Sob o comando de Lula, o país teve breve ciclo de crescimento econômico, ajudado pela onda positiva da economia mundial, pelo excepcional aumento de demanda e valorização de preços de nossas principais commodities ( petróleo, aço, soja, açúcar, laranja, carnes ). O presidente Lula soube aproveitar a janela de oportunidade para melhorar a distribuição de renda do país.
O voluntarismo econômico irresponsável da presidente Dilma Rousseff de 2010 a 2016 destruiu tudo. Nesse período, o país enfrentou a sua mais profunda e duradoura recessão. De 2012 a 2016 o PIB do país caiu 7,2%. A taxa de desemprego que estava em 6,6% explodiu para 14%. O resultado foi a quebra de confiança dos empreendedores, redução do consumo das famílias, drástica queda dos investimentos e um déficit fiscal de R$ 252 bilhões (a preços de novembro de 2018) nas contas públicas.
Herdeiro involuntário dos pantagruélicos erros na área econômica e fiscal dos últimos 14 anos, Temer teve pouco tempo para tirar o país de seu mais forte e longevo ciclo recessivo. Montou um time econômico de excelência, liderado pelo competente Henrique Meirelles e contando com o discreto e igualmente competente economista Ilan Goldfajn na presidência do Banco Central.
Entrega o país em situação muito melhor do que recebeu, com inflação anual de 4%, abaixo da meta estabelecida pelo Banco Central que é de 4,5% e taxa básica de juros (Selic) de 6,5% ao ano, a menor e mais duradoura desde 1994, ano de implantação do Plano Real. Era de 14,25% em 2016. O PIB, que em 2016 caiu 3,3%, terminará 2018 com crescimento próximo de 1,5%. Ainda pesa contra, a lentidão da recuperação da atividade econômica, a elevada taxa de desemprego e a não implantação da reforma previdenciária. Os esforços políticos para botá-las em pé foram abortados com a repentina perda de governabilidade imposta pelas tsunâmicas revelações do empresário Joesley Batista contra o presidente.
Mesmo admitindo que os desafios da próxima administração são grandiosos, analistas econômicos e políticos reconhecem que várias das condições precedentes para a retomada do crescimento sustentado do Brasil estão colocadas. A reforma trabalhista aprovada começa a apresentar os primeiros resultados, conforme dados do Caged, do Ministério do Trabalho e deve contribuir para o reaquecimento do mercado de trabalho no próximo ano.
Do pouco que sabemos dos planos do futuro ministro da economia, Paulo Guedes, a modernização previdenciária é a mais importante e condição primeira para todas as demais reformas, inclusive o audacioso plano de privatizações de ativos e empresas estatais federais. O cenário da economia mundial está favorável e o elevado capital político obtido pelo presidente eleito Jair Bolsonaro ajudará expressivamente para a aprovação das reformas econômicas e sociais.
Enfim, as condições estão prontas e favoráveis para a decolagem bem sucedida do grande avião chamado Brasil. O futuro nos dirá se a nova tripulação soube conduzir bem os destinos dos passageiros.
Vivaldo Lopes é economista formado pela UFMT, onde lecionou na Faculdade de Economia, com pós-graduação MBA- Gestão Financeira Empresarial pela FIA/USP. E-mail: vivaldo@uol.com.br
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