No último artigo escrito neste espaço referi-me ao seminário de integração da América do Sul realizado em Cuiabá. O tema tem mais de 30 anos. Mas morreu mais de uma vez perdido nas condições política de Mato Grosso e dos próprios e instáveis países do continente. Mato Grosso sofreu mudanças políticas muito grandes ao sair da gestão Dante de Oliveira pra atual. No intervalo o tema integração perdeu o interesse. O Brasil, por sua vez, enfrentou o desinteresse das esquerdas por temas duradouros.
O seminário de Cuiabá teve o mérito de mostrar que é absolutamente indispensável reunir debaixo do teto de um mesmo bloco econômico e político os países todos pobres e mal governados. A América do Sul segue ainda os eu destino histórico de continuar infantil no imperial-caboclo num mundo pós-globalizado.
Estamos atrasados mais de 100 anos em relação ao restante do mundo, com poucas exceções. Nesse ambiente falar de integração significa falar em projetos políticos do Estado brasileiro e não nas políticas pobres e fajutas dos partidos políticos que se sucedem nas gestões. Tanto no Brasil quanto no resto da América.
O ministro João Carlos Parkinson, do Ministério das Relações Exteriores, convidado para o seminário fez a melhor e mais profunda abordagem. Trouxe números de comércio e de negócios, perspectivas, estratégias. Mas o mais importante: abordou o discurso da articulação que precisa ser construída no continente caso se queira uma integração efetiva e do interesse comum.
Na sua visão cabe ao mercado privado e às suas instituições representativas mobilizar-se em conjunto com as universidades regionais e os governos dos estados vizinhos. Mato Grosso do Sul tem avançado bem mais do que Mato Grosso, apesar dos primeiros movimentos de integração terem nascido aqui. O futuro da integração está intimamente ligado ao sucesso econômico do continente. Ao governo de Mato Grosso caberia promover a articulações políticas com o governo federal e com o mercado privado.
No mundo atual em que as pressões de mercado caminham por direções ainda não de todo conhecidas, se a América do Sul não se mexer será usada como quintal dos países ricos.
De concreto o seminário deixou mais lições do que ações efetivas. Apesar de pobre e pouco frequentado, mostrou que está na hora das primeiras iniciativas olhando o futuro. A próxima gestão estadual não poderá ignorar o tema. Muito menos as mornas representações do mercado privado. Parece curioso admitir-se: em Mato Grosso fala-se tanto em futuro, mas se mexe muito pouco na sua direção!
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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