As eleições servem pra muitas coisas. Além de renovar a representação dos cidadãos junto ao Estado, servem também pra renovar os diversos grupos de interesses da sociedade. Em Mato Grosso a eleição de 2018 diluiu muito as representações. Os sindicatos elegeram um único deputado estadual. Veio do sistema prisional onde a representatividade não é tão marcante quanto noutras áreas do serviço público. As polícias tentaram emplacar muitos candidatos e acabaram elegendo pouquíssima gente.
Mas, de tudo, quem mais perdeu espaço e não elegeu significativamente foi o agronegócio. Principal setor da economia estadual, perdeu-se completamente. Ao contrário do que pensa parte da sociedade mato-grossense, o agro entra na vida de todos os 3,4 milhões de habitantes do estado. Gira algo como 85 bilhões de reais no mercado todos os anos. Grande parte gira no comércio, nas indústrias, nos serviços e gera uma montanha de impostos indiretos aos cofres estaduais.
Então, cabe a pergunta: o que aconteceu com o agro nesta eleição que elegeu apenas um deputado federal? Faltaram lideranças. As instituições representativas acomodaram-se nos seus papeis burocráticos e assistiram o passar da carruagem. Aqui cabe ressaltar o papel do ministro Blairo Maggi. Saiu de zero em 2002 e elegeu-se governador em nome do setor. Reelegeu-se a virou senador em seguida. Ministro da Agricultura na sequência. Em fevereiro decidiu afastar-se da política e deixou de lado a eleição.
Ao líder cabe construir sucessores. Bagunçou o meio de campo da eleição. O ministro cujo mandato de senador expira no fim deste ano precisa vir a público conversar com a sociedade e com o seu setor.
O leitor deve estar se perguntando que importância teria eleger pessoas do agro. Muita. Os próximos quatro anos serão de arrancada pra um forte crescimento nacional depois das pesadas tempestades políticas e econômicas de últimos anos. A virada da economia brasileira seguramente se estenderá a outras áreas. Logo, o agro precisará estruturar-se institucional e politicamente pra lidar com o andamento da economia nacional e mundial. Mato Grosso está na ponta dessa ilha econômica. Sem força política precisará de terceiro pra falar por si já que não terá vozes próprias. Simples assim!
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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