• Cuiabá, 21 de Novembro - 00:00:00

Velhas questões ambientais

            No começo da década de 1970 a França liderou um movimento na Europa no sentido de se internacionalizar a Amazônia. Ganhou força e precisou de uma resposta brasileira. Hoje o assunto volta com força num novo momento e num mundo completamente transformado. Vamos aos fatos: em 1973 a mesma França tentou expandir a demarcação do limite das águas internacionais na costa brasileira pra facilitar-lhe a pesca de camarões.

            Pra questão amazônica, o governo brasileiro na época, tomou uma série de providências estratégicas. Vamos ficar só numa: a ocupação da Amazônia com gente em situação vulnerável no Sul e no Nordeste. Pra tanto, abriu-se a rodovia Transamazônica pra acessar São Luis-MA a Manaus-AM. E iniciou a ocupação da Amazônia pelo lado, Sul, partindo de Cuiabá. A ocupação de Mato Grosso deu-se nesse período. Esvaziou o tema da internacionalização da Amazônia.

            Mas agora ele volta com muita força, num outro mundo. Na Europa o presidente da República do Brasil foi confrontado pesado por dirigentes europeus, entre eles a primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel. Nos Estados Unidos apareceu uma cínica campanha publicitária: “Farmer here, florest there” (fazendas aqui, florestas lá).  O pano de fundo da campanha é o de que a agropecuária brasileira está acabando com a Amazônia. Pra ajudar o INPE-Instituto Nacional de Pesquisas Especiais, que mede os desmatamentos no país, sempre jogou pra torcida das ONGS internacionais que criam fantasmas ambientais historicamente no Brasil e no mundo. Criou-se no INPE uma crise política com o presidente da República. Com razão, porque tem muita ideologia supostamente acadêmica no meio.

            O que significa essa nova pressão ambiental sobre o Brasil e sobre a Amazônia? Ontem pela manhã li que na atual crise de comércio entre os Estados Unidos e a China, por detrás está a pauta de produtos americanos pra enfrentar a imensa pauta chinesa. Na pauta dos EUA em primeiro lugar estão os alimentos. Depois aviões e os processadores de computador.

            Logo, alimento é um item importantíssimo em todas as pautas mundiais. Faz sentido emperrar a produção brasileira que tem se destacado fortemente e tem mantido conduta de convivência sustentável com o meio ambiente. Com mídia poderosa, manipula-se a opinião pública mundial em desfavor do Brasil. Pior é que a maioria das embaixadas brasileiras na Europa e nos EUA é manipulada por quadros aparelhados de esquerda com a sua visão conhecida sobre o capital, etc.

            O próprio Vaticano entrou no tema, motivado pela ala esquerdista do Brasil, com o Sínodo dos Bispos a ser realizado na Amazônia no mês de outubro deste ano. A pretexto de tratar das questões sociais dos povos da região, a pauta está direcionada pras questões ambientais, com forte motivação político-ideológica. No fundo, fala-se em outras palavras do mesmo jogo “farmer here, forest there”.

            Se pode chamar de sorte, está o fato de que o Brasil não é mais governado pela esquerda e os militares que governam tem histórica visão nacionalista. Porém, esse dilema de convencer o mundo que Amazônia tem dono, ainda vai percorrer longa estrada em razão dos novos caminhos da economia mundial.

 

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso

onofreribeiro@onofreribeiro.com.br    www.onofreribeiro.com.br          



0 Comentários



    Ainda não há comentários.