A recessão econômica já era realidade antes da Pandemia.
A política econômica promovida por Guedes é contracionista, tanto fiscal, quanto monetária, praticamente contrária aos investimentos públicos nas áreas sociais/serviços públicos e fomento de médio e longo prazo dos agentes produtores do mercado interno.
Também de poupança pública e popular, renda nacional distributiva, renda básica e toda seguridade social, e desenvolvimentista, de industrialização, tecnologia e inovação, por parte do Estado.
Servidores públicos são considerados inimigos.
E o centro do acúmulo de capital é no sistema financeiro, investidores da bolsa e burguesia internacional, como os EUA.
Supostamente isso atrairia investimentos estrangeiros, o que faria a roda girar, o que é bastante controverso, só não para a ortodoxia neoliberal.
O problema é o fluxograma desses investimentos, se vierem, pois são centralizados, e redirecionado os ganhos de capital para os países de origem, só extraindo nossas riquezas naturais, desmontando nosso patrimônio público e consumindo nossa renda nacional.
A ideia é que o fundo público nacional (orçamento público, renda e poupança nacionais) sirva para os credores da dívida pública e para sustentar os bancos privados e demais agentes financeiros que direcionam o dinheiro para o fluxo global, sem fronteiras, rentista e especulador.
Economia nenhuma vai para frente priorizando parcela dos fundamentos macroeconômicos e negando o resto, como renda nacional e taxa de empregos, sem investir nos aparelhos sociais, sobretudo ciência e tecnologia e diversificação da matriz econômica, principalmente em setores estratégicos.
Muito menos desregulando a microeconomia, estabelecendo vínculos precarizados entre o trabalho e o capital, o consumidor e o mercado, o rentista e os bancos, o internauta e as plataformas hegemônicas.
O antídoto para o arrastão feito pelo neoliberalismo puro sangue é a ampliação e aprofundamento da democracia, libertando o Estado e a própria política do controle total do grande capital, especialmente da burguesia internacional, que institucionaliza a fuga dos ativos financeiros pelo fluxo invertido, uma verdadeira hemorragia.
Essa elite internacional sequer aceita mais fazer concessões compensatórias ao povo, fragilizando nossa soberania e forçando a quebra do acordo de coesão social estampado na Constituição de 1988, fritada na frigideira da globalização neoliberal e destruição dos direitos fundamentais e projetos nacionalistas dos países subdesenvolvidos.
Antes em desenvolvimento, se aproximando do centro decisório do capitalismo, para retornar à periferia colonizada.
Precisamos retomar os fundamentos, princípios sensíveis e objetivos da República Federativa do Brasil descritos logo nos primeiros artigos da Carta Magna e todos os direitos fundamentais, civis, políticos, sociais, econômicos e culturais, não só protocolarmente, mas materialmente, substantivamente, retomando o controle do Estado pela população.
Paulo Lemos é advogado.
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