• Cuiabá, 23 de Novembro - 00:00:00

Geração mais gerações

            Encontro e desencontro de gerações marcam os dias atuais. Sou da geração dos baby-boomers. São aqueles nascidos após a segunda guerra mundial, de 1945 em diante. Pegaram o mundo saindo de uma simplicidade quase rural, pra um mundo industrial graças às tecnologias advindas da guerra. O que mudou profundamente na minha geração foi uma sucessão de modernidades que atacou muito forte os velhos costumes da vida rural ou da escassez de bens de consumo.

            Hoje, as gerações são netas dos baby-boomers. Convivem com um pé na história familiar que, queiramos ou não, ainda permanecem nos costumes e em muitos modos de viver. Mas são chamadas de nativos digitais. Já pegaram o mundo grudado nas tecnologias de comunicação. Nascem com incrível habilidade com os teclados e com  as telas dos smartfones.

            Enquanto a geração dos pais e avós é muito presa no lugar físico onde nasceram e onde vivem, os nativos digitais não pertencem a lugar nenhum. Seu mundo rompe espaços físicos através das telas dos seus celulares. Não compreendem a importância de serem nascidos aqui ou ali. O mundo deles não tem barreira física. Por isso, são desprendidos de uma série de bens de consumo que seduziu as gerações anteriores.

            Seu olhar vasto não se agarra a valores religiosos, a religiões, a costumes, as regras não lhes dizem muito e não compreendem o conceito dos limites na sua vida. É uma poderosa revolução no viver humano.

            O sonho do automóvel nas gerações não lhes seduz. Interessa-lhes os meios de locomoção. A educação é um problema na vida deles. Enquanto os baby-boomers e seus filhos precisaram decorar na memória os conhecimentos que lhes interessavam ou poderiam usar algum dia, os nativos fogem disso. Sabem onde procurar os mesmos conhecimentos. Teclam no Google, localizam a informação, usam-na e largam por lá. Com isso, suas cabeças ficam livres de memorizar. Então, que cabeça tem eles? Muito difícil de dizer ainda. Sabe-se que cada vez mais a escola tradicional está longe de suas vidas. Profundas mudanças que levarão mais de uma geração pra serem aplicadas.

            Qual o seu nível de angústias e de ansiedades? Provavelmente seja maior do que a dos seus avós e pais. O mundo anterior parecia mais fácil. Valores mais definidos. Profissões mais claras. Costumes e regras sociais também mais claras. Muito mais difícil ser adulto no mundo líquido atual. Os nativos digitais terão que construir um mundo onde viverão, completamente diferente do mundo atual em que estão sendo criados.

            Claro que esse tema é muitíssimo mais vasto e desafiador. Certo apenas que viver antes parecia mais fácil. Mas como é da natureza humana criar e resolver conflitos, quem sabe, esta soma de gerações seja apenas mais um conflito no grande elos das ligações entre os humanos desde sempre?  Afinal, viemos de civilizações em civilizações se sucedendo ancestralmente.

 

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso

onpofreribeiro@onofreribeiro.com.br   www.onofreribeiro.com.br



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