Na próxima segunda-feira o Brasil amanhecerá sabendo um montão de coisas na política. Saberá quem se elegeu governador nos estados, deputados federais, deputados estaduais e os dois senadores. Não haverá mais como reclamar se os resultados forem mais assustadores do que animadores.
A menos que haja um segundo turno na eleição presidencial. Nesse caso, o país amanhecerá sob um manto de temor. Duas candidaturas opostos e extremas disputarão em pouco mais de 20 dias do segundo turno quem governará o Brasil pelos próximos quatro anos. Mais do que governar. Quem conseguirá dirigir a aeronave avariada até um pouso minimamente seguro.
O ambiente nacional não é animador. Duas candidaturas radicalizadas. Uma à direita e uma à esquerda. Ambas com propostas de gestão completamente opostas. Vamos tentar racionalizá-las à luz do mínimo de razão. De um lado o candidato do PT, Fernando Haddad promete “fazer os brasileiros felizes novamente”. De outro, Jair Bolsonaro com promessa de pôr ordem no país.
Em 2003 Lula encontrou um país com enorme reserva cambial e a economia em ascensão, graças à recente entrada do gigante China no mercado mundial, comprando tudo de todos. Economia estabilizada, conforme ele mesmo admitiu na “Carta aos Brasileiros”, 26 de junho de 2002. Hoje, o caixa está completamente furado com 200 bilhões de déficit entre a arrecadação de impostos e os gastos públicos. Crescente. Só resta a reserva cambial de U$ 400 bilhões que dá ao país alguma estabilidade frente aos mercados mundiais. Se ela for gasta pra trazer felicidade interna, o Brasil será riscado do mapa econômico mundial.
Se Bolsonaro ganhar, terá que tomar medidas muito duras de imediato pra construir o que ele chama de “ordem”. Os mercados internacionais não se preocupam com a ordem interna. Preocupam-se com a estabilidade da segurança jurídica, coisa que o Brasil vem perdendo ano após ano. Recentemente a primeira ministra alemã Angela Merkel disse ao The Wall Street Jornal que o mundo já não se importa mais com o Brasil pela perda do ambiente interno de negócios. Sem contar a perda de grau de investimentos de todas as três agências de avaliação de risco. A questão de Bolsonaro é o tamanho da inversão interna que poderá fazer pra alcançar a sua proposta.
Por fim, a sociedade dividida não votará com sentimentos de construção e de reconstrução do Brasil atual. Levará pras urnas ódio e ressentimentos. Os dois são péssimos conselheiros. O próximo tema será a cara do Brasil versus a cara do novo mundo que está se desenhando fora do mapa do Brasil.
Onofre Riberio é jornalista em Mato Grosso
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