Tá na boca de todo mundo: “que país queremos?”. Todos querem um país ao seu modo. Anotem: não teremos! Não é assim que funciona. Uma pessoa perdida lá nos cabrobós da vida grava num celular um desabafo escutado aqui e ali. No fundo não deseja nada daquilo. Ou melhor. Até deseja. Desde que não ofenda os seus interesses. Nesse sentido, não há pobre, classe média e ricos no país que não se aproveitem das brechas pra lesar alguém nessa ou naquela situação.
Não fomos educados pra sermos cidadãos de uma nação moderna. Fomos educados pra sermos subalternos. Queixarmos sem convicção, votar de qualquer modo, porque desejamos mesmo é reclamar em mesa de bar ou nas rodinhas de conversa.
Fomos cuidadosamente educados pra sermos rebanho. Rebanho não muda. Só com muito tempo e muito sofrimento. Do contrário, migalhas são bem vindas e mantém o rebanho ruminando em passiva mastigação.
A destruição dos valores foi longa e cuidadosa. O jornal The Wall Street Journal, dos EUA, publicou matéria didática neste fim de semana sobre o Brasil. Disse que tem algum dinheiro está se mudando pros EUA, Canadá e Portugal, principalmente. É, também, o sonho de boa parte da juventude. Causas dessa diáspora: a insegurança jurídica e social vigentes no país.
Criminosos assumiram o comando das penitenciárias. Protegidos pelo bem-estar oferecido pelo Estado comandam a vida dos milhões cá fora. Criaram uma guerra civil. Os sistemas judiciais e os de direitos humanos aparelhados por um emburrecido sistema de caridade, confunde bandidos com cidadãos vulneráveis. Vulnerabilizam a sociedade que produz. A instabilidade jurídica do social e das leis brasileiras aterroriza o mundo.
Ideologias velhas comandam o pensamento político. Leis analisadas a cada dia descobrem como se pode burlar a legalidade na economia, na política dentro do Estado que governa o país.
Sei que esta leitura é pessimista. Mas é ela quem chegará às urnas daqui a exatos 67 dias. Na linha de frente das discussões nada que o país precisará agora e no futuro. Apenas overdose da mediocridade já consagrada. Ah. Como mudar? Perguntaria o angustiado leitor. O tempo, o tempo, o tempo e a mudança das atitudes desse passivo rebanho que rumina o capim à sombra da sua mediocridade.
O que está em cima é igual ao que está em baixo.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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