• Cuiabá, 21 de Novembro - 00:00:00

A arte de viver em família

Família é algo maravilhosamente complicado. Uma manifestação artística que auxilia a lidar com seus pontos positivos e negativos está no filme romeno 'Sieranevada', de Cristi Puiu. Uma refeição em casa após uma cerimônia da Igreja Ortodoxa em homenagem a um falecido reúne as mais diferentes pessoas.

O filme é longo, escuro e com diálogos cansativos, mas merece ser visto porque desnuda as relações mais prováveis e improváveis de uma dúzia de personagens. Temos o marido traidor, a amiga drogada, a avô que defende a ditadura, o jovem que tudo busca na Internet,  entre outros seres humanos geralmente desencontrados com si mesmos e com a sociedade.

Os temas que pontuam os diálogos são aqueles que tornam a vida familiar um fascínio permanente. Fala-se de política, religião e questões sociais, quase como num programa de debates na TV. Ao mesmo tempo, surgem os problemas individuais, geralmente marcados pelo amor (ou pela falta dele), pela passagem do tempo e pela sexualidade.

Manifestações sinceras e falsas, conflitos entre o velho e o novo, e paixões que motivam palavras e afetos são percepções e sentimentos de pavio curto. O filme os faz explodir de maneira brutal e, pasmem!, poética. A cena final de três dos rapazes rindo das aventuras daquela refeição em família ilustra a comédia e o drama que nosso cotidiano comporta.

 

Oscar D'Ambrosio é Doutor em Educação, Arte e História da Cultura e Mestre em Artes Visuais, atua na Assessoria de Comunicação e Imprensa da Unesp.



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