Setor público e iniciativa privada são distintos no topo, pela gestão e direção, mas em comum entre eles há servidores e funcionários. O que os faz diferentes na cúpula, de um lado, é a gerência, e do outro, a mistura da sensibilidade política com tino administrativo. Empresas quebram e os governos em todas as suas esferas empacam quando empresários e governantes fracassam.
Konrad Hermann Joseph Adenauer assumiu a Alemanha ainda fumegante pelas bombas aliadas e as marcas das lagartas dos tanques soviéticos, com a população – principalmente a masculina – dizimada. Em pouco tempo Adenauer levou seu país ao topo das grandes nações.
Grandes impérios patrimoniais foram desmoronados por herdeiros incompetentes, o que é compreensível pelo que nos ensina o saber popular de que, “dinheiro não tem dono”.
Nunca Mato Grosso ouviu tanto sobre crise quanto agora. Todos os erros e fracassos são debitados àquela palavrinha com cinco letras, das quais duas vogais. Nesse momento é impossível chegar ao cerne da questão, mas a história, lá na curva do tempo, nos mostrará as entranhas do problema que ora estão sob densa névoa.
Se um turista europeu, asiático ou de qualquer outra parte do mundo desembarcasse hoje em Várzea Grande e Mato Grosso lhe fosse apresentado, ele diria que aqui é o Paraíso. Diria pelo superlativo do agronegócio, pelas belezas naturais dos ecossistemas, pela topografia, luminosidade, regularidade climática, pela baixa densidade demográfica e a pequena população de 3,5 milhões de habitantes dispersos em apenas 141 municípios num universo de 903 mil km² sem furacão – sem terremoto, nevasca ou vendavais. Se lhe mostrassem tudo isso e lhe dissessem que a terra que o recebe lidera a balança comercial na exportação das commodities agrícolas brasileiras. Se acrescentassem que temos razoável logística de transporte terrestre. Mais: se recheassem essas informações destacando que o povo mato-grossense é trabalhador, que nesse ensolarado e abençoado solo não há graves problemas sociais nem lutas étnicas, que nosso único vizinho, a Bolívia, nos trata fraternalmente, além de ser mercado consumidor em potencial e que aqui nasceu o Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon – figura respeitada mundialmente.
Depois dessa imaginária apresentação se esse turista fosse levado neste sábado, 19, ao recinto da Estância Bahia em Cuiabá, onde seu fundador e presidente Maurício Tonhá realiza o Megaleilão – maior evento mundial dessa natureza – e ele pudesse acompanhar as negociações virtuais e presenciais à batida do martelo para a venda de milhares de bovinos, seguramente esse turista faria a mesma pergunta que ora faço: existem dois Mato Grosso?
Eduardo Gomes de Andrade é jornalista
eduardogomes.ega@gmail.com
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