Emmanuela Bortoletto Santos dos Reis
De acordo com dados do Ministério da Saúde, baseando-se no Sistema Nacional de Transplantes (SNT), 66.273 pessoas aguardam por um transplante no Brasil, das quais 1.477 são crianças e adolescentes de 0 a 17 anos. A maioria desses pacientes (62%) está à espera de córneas, enquanto 24,2% necessitam de um transplante renal.
Um desafio adicional é a obtenção do consentimento familiar, pois no Brasil, a doação de órgãos deve ser autorizada pela família do doador. Este se torna um obstáculo significativo, uma vez que, em 2022, quase metade das famílias (44%) recusou-se a doar os órgãos de um parente falecido, conforme levantamento da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). Como resultado, muitas pessoas, incluindo crianças, perdem a vida esperando por um transplante.
O transplante renal torna-se necessário no Brasil após o diagnóstico de doença renal crônica em estágio terminal, momento em que se inicia a necessidade de terapia substitutiva renal, que pode ser realizada por meio de diálise ou transplante.
Em crianças e adolescentes, diversas condições podem levar ao comprometimento da função renal, sendo as malformações do sistema urinário e as glomerulopatias algumas das causas mais comuns.
Uma vez constatado o estágio final da doença renal crônica, é necessário submeter-se a uma série de exames e avaliações por uma equipe multiprofissional.
O transplante renal pediátrico permite a substituição do rim não funcional por outro proveniente de um doador vivo (quando uma pessoa saudável doa um de seus rins, e ambos, doador e receptor, continuam a viver com um rim cada) ou de um doador falecido (neste caso, a doação deve ser autorizada pela família do doador).
Após o transplante, é indispensável que a criança ou o adolescente transplantado utilize medicamentos de forma contínua para prevenir a rejeição do órgão e mantenha acompanhamento regular com um nefropediatra.
Este tema será um dos focos do XX Congresso Brasileiro de Nefrologia Pediátrica, sob o lema "Do Prematuro ao Adolescente: Nefrologia Pediátrica na Era da Inteligência Artificial", que contará com painéis, miniconferências e mesas-redondas de 1 a 4 de maio em Cuiabá.
Emmanuela Bortoletto Santos dos Reis é médica nefropediatra no Hospital Santa Rosa e professora na UNIVAG, CRM/MT 6596 e RQE 300, 327.
Ainda não há comentários.
Veja mais:
O aposentado com fibromialgia tem direito à isenção do Imposto de Renda?
Cláusulas-Padrão: ANPD não imuniza contra a realidade
O preço de uma vida apressada!
Menos redes sociais, mais resultados reais
Mercado financeiro reduz previsão da inflação para 4,86%
Senador reforça fala de ministro: cadê o equilíbrio entre Poderes?
Moratória da soja: decisão do STF cita defesa feita pelo presidente da ALMT
Operação integrada da Polícia Civil prende membros de facção no RJ
Alerta do Estado: Ciosp registra mais de 16 mil trotes em sete meses
PM confirma prisão em flagrante de suspeito de feminicídio