• Cuiabá, 09 de Setembro - 2025 00:00:00

Exclusivo: íntegra do relatório de transição da área de comunicação


Por Sylvio Costa/Portal Congresso em Foco

O relatório do subgrupo de comunicação relata o desmonte ocorrido na área durante o governo Bolsonaro e, entre outras coisas, defende uma ideia já colocada em prática: a volta da Secretaria de Comunicação da Presidência da República. A recriação da Secom foi um dos primeiros atos de Lula após a posse. O órgão, com status de ministério, está agora sob a chefia do deputado federal licenciado Paulo Pimenta (PT-RS).

Veja a íntegra do relatório.

Uma das propostas é a reformulação da política de publicidade:

“Em consona?ncia com o TCU [Tribunal de Contas da União], e? preciso reformular a poli?tica de publicidade do governo federal sob o imperativo de equacionar os investimentos com o novo cena?rio emergente das mi?dias digitais. Propo?e-se ainda a realizac?a?o de ampla pesquisa sobre o consumo de mi?dia da populac?a?o brasileira como base para assegurar subsi?dios para esse debate, nos moldes realizados anualmente pela Secom ate? o Golpe de 2016. Outra provide?ncia importante e? o estabelecimento de conve?nio com o Cenp Meios – o Fo?rum da Autorregulac?a?o do Mercado Publicita?rio – para obter informac?o?es seguras e confia?veis sobre a veiculac?a?o de publicidade.”

Exclusivo: íntegra do relatório de transição da área de comunicação

Menciona ainda, como “medidas de curto e me?dio prazos” necessárias, o “fortalecimento da liberdade de expressão e de imprensa” e o “fomento a? diversidade, em especial e?tnico-racial, de ge?nero e regional, na produc?a?o de comunicac?a?o e nas poli?ticas de publicidade e patroci?nio”.

Também propõe a análise de todos os contratos vigentes na administração federal no campo da comunicação: “Em levantamento preliminar, os contratos mantidos atualmente pelo governo com empresas privadas de comunicac?a?o para a prestac?a?o de servic?os superam o valor de R$ 500 milho?es – somente em publicidade sa?o R$ 450 milho?es por ano, apenas sob a atual administrac?a?o do Ministe?rio das Comunicac?o?es, que ainda mante?m contrato com outra empresa privada para a prestac?a?o de servic?os na a?rea de relac?o?es pu?blicas, no valor de R$ 60 milho?es. Uma ana?lise juri?dica e administrativa dos contratos e da execuc?a?o financeira indicariam a necessidade de manutenc?a?o dos servic?os prestados.”

Defende ainda que sejam instituídos “mecanismos de escuta e dia?logo permanente com a sociedade para debater crite?rios de aplicac?a?o de recursos de publicidade e patroci?nio e poli?ticas de comunicac?a?o governamental”.

Grande parte do documento é reservada à descrição das barbaridades cometidas pela gestão Bolsonaro na Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Além de ameaçar extingui-la e privatizá-la, o antigo governo militarizou a EBC e a mergulhou num cenário de constantes abusos. Diz o relatório:

“Casos de censura, asse?dio e perseguic?a?o foram registrados nas TVs e nas ra?dios, na Radioage?ncia Nacional e na Age?ncia Brasil. A EBC adotou uma se?rie de pra?ticas antissindicais e chegou a ser condenada judicialmente por asse?dio moral coletivo, com gerac?a?o de passivo de R$ 200 mil. A Ouvidoria Cidada? e a Frente em Defesa da EBC e da Comunicac?a?o Pu?blica elaboraram dossie?s que apontam, entre os temas mais censurados: direitos da populac?a?o negra e indi?gena, demandas das mulheres negras, investigac?o?es sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e mate?rias sobre reforma agra?ria, desmatamento, meio ambiente, mudanc?as clima?ticas e refere?ncias a? ditadura militar. A cobertura da pandemia de covid-19 sofreu interfere?ncia e a EBC foi citada no relato?rio final da CPI da Pandemia por difusa?o de conteu?do negacionista.”

Ponto-chave no relatório é a defesa da estruturação de dois sistemas separados de comunicação, ambos liderados pela Secom. A EBC e seus órgãos de deliberação capitaneando um sistema de comunicação pública, cujo interesse maior é servir à sociedade, daí a sugestão de retomar os conselhos com participação de representantes da população.

No outro sistema, denominado Sicom, serão integrados todos os órgãos de comunicação da administração direta e indireta para fazer a divulgação de interesse do governo, por meio de comunicação digital, serviços de imprensa e campanhas publicitárias, entre outras ações.

Íntegra do relatório:

 

AUTORIA

Sylvio Costa

SYLVIO COSTA Fundador do Congresso em Foco. Mestre em Comunicações pela Universidade de Westminster, na Inglaterra. Trabalhou como jornalista em veículos como Folha, IstoÉ, Correio Braziliense, Zero Hora e Gazeta Mercantil, entre outros, exercendo as funções de repórter, editor e chefe de reportagem. Ganhou 12 prêmios de jornalismo.

sylvio@congressoemfoco.com.br




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