Alfredo da Mota Menezes
Coisas estranhas acontecem nesse momento estranho da vida nacional. O corte de dois bilhões de reais previstos para a realização do censo pelo IBGE é um caso. O STF determinou que fosse feito o censo. Com a decisão do STF, Paulo Guedes da Economia, em entrevista, disse que o dinheiro tinha ido para emendas parlamentares por pressão dos congressistas.
Dias antes, o relator do orçamento, Márcio Bitar, senador pelo Acre, disse, com todas as letras, que o orçamento foi todo feito em combinação com a equipe econômica do governo. Ou seja, os dois lados sabiam.
As emendas neste ano foram infladas, chegam a 37 bilhões de reais. Não daria para ficar com menos dois bilhões e não mexer no recurso para o censo? Censo não é somente para saber a população do país, analisa renda, desigualdade, condições de moradia e educação e outros aspectos da vida nacional.
Será que o Congresso e o Executivo não queriam o censo neste ano porque seria mostrada a real cara do Brasil no ano que vem, ano eleitoral? Desde 2014 a economia no Brasil está com problema. Por causa da pandemia, a coisa estaria ainda mais complicada. Tudo isso mostrado num ano de eleição, devem ter pensado os políticos, atrapalharia a eleição de muita gente. Coisa estranha para muitos, normal na vida política.
Paulo Guedes também falou do “vírus chinês”. O embaixador da China rebateu que a China é o principal fornecedor de vacinas para o Brasil. Não é estranha essa obsessão de gentes do governo Bolsonaro com a China?
O filho do presidente entrou por aí, o ex-Ministro da Educação, Weintraub, e também o das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. E ontem foi o próprio presidente que enveredou por essa sandice. E o agro estadual, que apoia o governo Bolsonaro, não vai falar nada sobre esses estranhos cutucões sobre o maior parceiro comercial de MT e do Brasil? Ou concordam com o ataque do Bolsonaro à China?
Mais uma. A tarifa da energia elétrica teve aumento acima da inflação. Logo se têm muitas “explicações” sobre isso. Uma delas é porque o dólar subiu.
Ficamos sabendo que é por causa da usina de Itaipu. Que o Brasil tomou muito dinheiro emprestado para construí-la e deve pagar em dólar. Que subindo o dólar, sobe a divida e a conta vai para o consumidor. Quem ficou com a concessão não arca com isso, é o consumidor. A concessionária não assume nada. Coisa estranha, não?
Para “comprar” a concessão já foi com dinheiro subsidiado do BNDES. Se o dólar sobe, passam o aumento para o consumidor. Se faltar chuva, e se tiver energia das termelétricas, passa também o custo para o consumidor.
É um jogo, para a concessionária, de ganhos sempre. Ah, se não for assim não se terá interessado na concessão. Então por que não faz a concessão para empresas e gentes de fora do país? Os daqui não se arriscam em nada. O povo paga sempre.
Alfredo da Mota Menezes é Analista Político.
E-mail: pox@terra.com.br
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