• Cuiabá, 05 de Setembro - 2025 00:00:00

Descrença da população com maioria dos políticos provoca alto índice de abstenção


Da Redação - FocoCidade

A descrença da população com a política, ou com a maioria dos políticos, pode provar a ausência de muitos eleitores nas urnas, mas não reflete a influência sobre o resultado das eleições. Na pontuação sobre o tema, o analista político Lourembergue Alves assevera outras observações em alerta ao contexto.  

“A ausência do eleitor em sua sessão de votação pode sim ser fruto da insatisfação e do descontentamento. Não apenas. Pois existe uma porção de votante que não tem mais a obrigatoriedade de comparecer as suas sessões. São os menores de 18 anos e os maiores de 70 anos. Somam-se a estes os que estão longe de seus domicílios eleitorais. Mas existem sim os que se ausentam por estarem descrentes com a política, partidos e os políticos. Estes se associam aos que votam em branco e nulo. Isto não é uma prática nova. Ela se dá há bastante tempo”, destaca.

O analista político chama atenção para o antigo desapontamento do eleitor. “Aliás, com o voto impresso, antes da urna eletrônica, o macaco “Cacareco”, por exemplo, foi o preferido de muitos eleitores do Rio de Janeiro, bem como os de São Paulo. Insatisfação, desapontamento e descontentamento sempre estiveram presentes durante a campanha eleitoral, e no dia da votação. Mesmo no período de 1947 a 1964. Período em que, a meu juízo, foi o mais rico em formação e participação política dos brasileiros. E também nele, as manifestações de reprovação as siglas partidárias e aos políticos eram bastante frequentes. Frequentes como foram durante o regime burocrático-militar (1964-85), bem como na fase posterior a ditadura burocrático-militar (1964-1985), e se estende até hoje”.

Cenário deve se repetir

“Provavelmente continuará em toda a história político-eleitoral do país. Isto em razão das falcatruas e de desvios do erário envolvendo políticos. Mas também dos desvios da razão das funções para as quais os candidatos eleitos foram empossados. A imensa maioria dos brasileiros não se acha, nem se vê representada nas Câmaras Municipais, nas Assembleias Legislativas e no Congresso Nacional. É a crise de representatividade. Crise que tende a piorar, pois os partidos e os políticos, sequer, preocupam-se em discuti-las, em mudarem seus próprios comportamentos”.

Alerta ao “comportamento”

“De nada adianta mudar rosto, fotos no álbum de fotografia, se o comportamento é o mesmo, é o de sempre. É o comportamento que deve ser mudado. Tarefa pouco provável de ocorrer. Então, sempre se terá descontentamento, insatisfação. Até porque inexiste candidato perfeito, ideal. Eles, os políticos, sempre desapontarão. Isto, porém, não é razão, nem motivo para não se escolher, ausentar-se e votar em branco e nulo. Pois tais manifestações, reconhecidamente legítimas, não mudarão a situação vivida, de faltas de tudo. Educação escolarizada capenga, saúde pública nem meia-boca e a insegurança quase total.”

Exercício do voto

“Por isso, sempre, é que se deve defender a presença a sessão e o votar. Exercício que permitirá um dia acertar. E, mesmo quando se acertar, ainda haverá descontentamento, pois a sociedade não é estática. Está sempre em movimento, e tal movimentação a leva a cobrar outras necessidades, as quais se transformam em reivindicações e, posteriormente, com lutas e exigências, em direitos. Nem todas as necessidades se transformam em direitos. Isto é óbvio. Assim como também é óbvio que a ausência de muitos eleitores das sessões não reflete no resultado da eleição. Tampouco refletem o votar nulo e em branco. Isto porque, no sistema eleitoral brasileiro, apenas se levam em consideração os votos válidos. São os votos válidos que definem o preenchimento das cadeiras no Parlamento municipal, estadual e no Congresso Nacional. Elegem-se prefeito, governador, senador e presidente da República os candidatos que conquistaram os maiores números de votos. Uma vez mais, realça aqui o voto válido. Isto significa dizer que os votos brancos e nulos não entram na aritmética do sistema eleitoral do país. Até porque a maioria dos votos nulos não anula uma eleição. A abstenção também não influencia em coisa alguma. A não ser, tal como o nulo e o branco, simplesmente, revelar a insatisfação de um grupo de brasileiros.”      




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