Crianças até os 6 anos de idade podem ser acometidas pelo tumor de Wilms, ou nefroblastoma, que se desenvolve no rim, podendo atacar um rim ou ambos. Pode ser uma lesão isolada ou múltiplas lesões no mesmo rim, que aumentam drasticamente antes de serem percebidas. A cada dez casos de câncer renal em crianças, nove são tumores de Wilms, tornando esta neoplasia renal a mais comum na infância.
Esse câncer geralmente não causa sintomas, mas os pais devem ficar atentos a febre, náusea, perda de apetite, falta de ar, constipação, sangue na urina, distensão abdominal e massa palpável ou inchaço no abdômen, que geralmente é indolor. Por ter sintomas comuns em outras doenças, o diagnóstico pode ser confuso. A triagem para o tumor de Wilms pode ser realizada no teste do pezinho, ajudando na detecção precoce da doença.
Quando o médico pediatra suspeita do tumor durante um exame clínico e resolve investigar, ele pede exames de imagem. Caso a suspeita seja confirmada, a criança é encaminhada para um nefropediatra. É possível então determinar se o tumor possui histologia favorável, com uma boa chance de cura, ou histologia desfavorável, que são mais difíceis de tratar.
A maioria das crianças com tumor de Wilms recebe mais de um tipo de tratamento. Em alguns casos, pode ser necessário passar por cirurgia para remover todo o tumor em uma só peça, evitando que as células neoplásicas se espalhem no abdômen. A cirurgia é realizada após quatro ou seis sessões de quimioterapia, conforme o protocolo de tumores renais da Sociedade Internacional de Oncologia Pediátrica (SIOP).
A quimioterapia, que consiste no uso de medicamentos infundidos na corrente sanguínea para atingir todas as áreas do corpo, é um tratamento muito útil para a doença localizada e volumosa, assim como para a neoplasia disseminada. A maioria das crianças com tumor de Wilms fará quimioterapia, podendo apresentar efeitos colaterais como perda de cabelo, aftas, perda de apetite, náusea, vômito, diarreia e prisão de ventre.
A radioterapia também pode ser usada no tratamento, especialmente em casos de histologia desfavorável (anaplásica), conforme orientação do protocolo, podendo causar efeitos colaterais como vermelhidão na pele, reações cutâneas mais graves, náusea, diarreia e cansaço.
Além dos cuidados físicos, é crucial prestar atenção à saúde mental da criança e dos responsáveis. O diagnóstico e o tratamento de câncer podem ser emocionalmente desgastantes, tanto para o paciente jovem quanto para sua família. É importante que a criança tenha acesso a apoio psicológico para ajudá-la a lidar com o estresse, a ansiedade e o medo associados à doença e ao tratamento.
Os responsáveis também devem ser encorajados a buscar apoio emocional, seja através de grupos de apoio, terapia individual ou familiar, para ajudá-los a gerenciar a carga emocional e manter um ambiente de suporte positivo para a criança. Manter a comunicação aberta, validar sentimentos e proporcionar um ambiente amoroso e compreensivo são elementos fundamentais para o bem-estar mental de todos os envolvidos.
Emmanuela Bortoletto Santos dos Reis é médica nefropediatra no Hospital Santa Rosa, DaVita e professora na UNIVAG. Telefone : 65-99963-0387. CRM/MT 6596 e RQE 300; 327.
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