Na cidade de Patos, as casas eram construídas com blocos de virtude e os cidadãos eram os arquitetos de seus próprios destinos. Cada ato nobre acrescentava um novo bloco ao edifício da alma. A virtude era a moeda corrente e a prosperidade da cidade refletia a riqueza moral de seus habitantes.
Em Patos, havia um mercado onde os cidadãos trocavam sorrisos, gentilezas e atos altruístas. A generosidade era a mercadoria mais valiosa e os corações se enchiam com as transações benevolentes. A cidade resplandecia com a luz da compaixão e da integridade.
Um dia, um forasteiro chamado Egoísmo chegou a Patos. Ele propagava a ideia de que a virtude individual deveria prevalecer sobre o bem comum. Muitos cidadãos, seduzidos por suas palavras enganosas, começaram a construir torres de egoísmo em suas almas.
O egoísmo, como uma sombra que obscurece a luz da generosidade, é o estado de priorizar desmedidamente os interesses e desejos pessoais sobre o bem coletivo. É como uma muralha que separa as conexões humanas, impedindo o florescimento de uma sociedade baseada na cooperação e na solidariedade.
À medida que as torres cresciam, as ruas de Patos tornaram-se mais estreitas, sufocadas pela indiferença. Os blocos de virtude que antes erguiam casas agora eram usados para construir barreiras entre as pessoas. A harmonia da cidade desmoronava, enquanto a ambição era o mote de vida.
Então, uma sábia anciã chamada Sabedoria emergiu da sombra das torres de egoísmo. Ela sussurrou palavras de reconciliação, lembrando aos cidadãos que a verdadeira virtude reside na união, não na divisão. A cidade começou a ouvir e, aos poucos, as torres começaram a desmoronar.
Com o tempo, os cidadãos de Almeida reconstruíram suas casas com blocos de virtude, restaurando a harmonia perdida. Egoísmo, derrotado, partiu, e a cidade voltou a brilhar com a luz da benevolência compartilhada. A lição de Patos permaneceu como uma alegoria filosófica: a verdadeira virtude não é construída sobre torres individuais, mas sobre a fundação coletiva da bondade e da compaixão.
O renascimento de Patos foi celebrado com festivais de generosidade e altruísmo. Os cidadãos, unidos pela compreensão de que a verdadeira virtude é compartilhada, cultivavam jardins de empatia e respeito mútuo. As ruas se expandiram, agora repletas de pessoas dispostas a ajudar, ouvir e compartilhar.
Ao contemplarem o horizonte da cidade, os habitantes de Patos perceberam que suas casas eram mais grandiosas do que antes. Não em razão de torres egoístas, mas porque as virtudes compartilhadas haviam construído pontes entre eles. O calor humano tornou-se a argamassa que unia as pedras de cada construção.
A sabedoria, agora considerada a guardiã da cidade, compartilhava ensinamentos sobre a importância de nutrir a virtude coletiva. Os cidadãos, inspirados por essa filosofia, tornaram-se mestres construtores de uma sociedade em que a compaixão era a principal arquitetura.
Assim, a alegoria de Patos ensina que a virtude humana não é uma busca solitária, mas uma construção colaborativa. Cada ato benevolente é como um bloco que ergue uma cidade de almas unidas e capazes de superar os desafios da vida, desfrutando da verdadeira riqueza que a virtude proporciona: “ode” ao pensamento coletivo, da unidade de propósitos e da caridade humana.
É por aí...
Gonçalo Antunes de Barros Neto tem formação em Filosofia, Sociologia e Direito, e escreve em A Gazeta.
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