Embora ainda não seja possível precisar com clareza os efeitos das grandes manifestações de 2013, que levaram milhões de brasileiros às ruas, algumas mudanças em nossa sociedade já foram percebidas. A mais clara delas é o real estopim daquele movimento: a cobrança por uma gestão pública eficiente, que entregue à população serviços de qualidade em troca dos altos valores pagos como impostos, tributos e contribuições.
Um recente estudo divulgado pela Transparência Internacional, o Barômetro Global da Corrupção, apontou que 8 em cada 10 brasileiros acredita que pode ajudar a combater a corrupção, índice que está entre os mais altos da América Latina. E falar em eficiência pública está intimamente ligado a ter que falar sobre a corrupção.
Porque é este o mal que mais afeta a eficiência das gestões públicas. É ela, a corrupção, quem sangra os cofres onde ficam depositados nossos impostos e de onde saem os recursos para a Saúde, Educação, Segurança e todos os demais serviços oferecidos à sociedade. Uma gestão pública corrupta tem como resultado líquido e certo uma sociedade desassistida e impede que os gestores consigam ser de fato eficientes.
É a corrupção que retira, por meio da propina paga a diversos agentes, o melhor acabamento na construção das escolas, os melhores equipamentos para o atendimento em clínicas e hospitais, os melhores dispositivos para um bom trabalho de inteligência policial, sem contar no esvaziamento do investimento em Esporte, Lazer, Cultura, tão importantes para o desenvolvimento da nossa gente.
Claro, a corrupção não é a única culpada pela ineficiência das gestões públicas, mas é a principal e talvez aquela cuja sociedade mais esteja disposta a combater, como mostram os números da Transparência Internacional. Ao longo dos últimos anos ela passou a ser mais percebida, o estudo também comprova isso, e este é um sinal inequívoco de que ano após ano, eleição após eleição, o tema tem ocupado cada vez mais destaque no debate político.
Há outros fatores que tornam uma gestão ineficiente, pontos estes que também precisam ser debatidos. Há um senso comum em tratar a coisa pública, que pertence a todos, como se não fosse de ninguém. Só isso para explicar toneladas de medicamentos jogados fora, vencidos, enquanto pessoas buscam por eles, para ficar apenas neste exemplo.
Aos gestores e candidatos a gestores públicos, vai aqui o maior recado. Façam com que suas administrações sejam eficientes. Deem ao dinheiro pago pela população o mesmo valor que dão ao que ganham em seus trabalhos. Saibam que há um senso cada vez maior de que não basta carisma, discurso pronto, frases feitas e nem comentários rasos. As pessoas querem eficiência e, em cada processo eleitoral, tornarão mais alto e claro este recado.
Fábio de Oliveira é advogado, contador e mestre em Ciências Contábeis.
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