Gostaria de traçar uma breve linha do tempo. Escrevi há alguns dias um artigo neste espaço falando das perspectivas do Brasil por conta da sua posição mundial na produção de alimentos agora e no futuro próximo. Tudo em consequência dos desdobramentos da pandemia do Covid e também da ressaca mundial que se manifesta com muita força. Isso, sem considerar os problemas climáticos que estão pressionando o mundo inteiro. E nem a guerra da Rússia com a Ucrânia.
Logo, se o Brasil terá um papel tão relevante, é justo pensar que Mato Grosso como o estado que mais produz alimentos no país, também entre nessa narrativa futurista..
Recordo uma das colocações feitas. O Brasil está sendo considerado como uma possibilidade de aliança estratégica ocidental pra livrar da dependência da China. Se isso, de fato, acontecer, e tudo indica que claramente é possível, justifica a tese abaixo neste artigo.
O mundo claramente tem dinheiro de investimentos em quantia nunca vista antes na História da humanidade. Especialmente se for para a área da produção e da transformação de alimentos. Este está sendo considerado como uma dos próximos gargalos mais perigosos do mundo atual.
Mas o mundo não investe em países de reputação democrática duvidosa. O Brasil atravessa um momento muito ruim na sua vida democrática. Profundamente polarizado e com uma montanha de reformas para serem feitas antes de se tornar uma opção mundial para investimentos. As eleições de 2022 no Brasil estão sendo consideradas as segundas mais importantes no mundo.
E o ambiente das eleições é péssimo. Polarizado. Dividido e sem projetos de nação. Mas queria me ater ao nosso estado de Mato Grosso. A eleição do governador parece definida por antecipação. Faltam opositores e o governo tem aprovação de boa qualidade pra garantir a reeleição do governador Mauro Mendes. Mas no plano parlamentar o cenário é muito fraco. Pra não dizer ruim. Lideranças gastas e despreparadas face aos cenários do futuro próximo.
O que se vê no campo das atuais discussões para a eleição parlamentar ao Senado, à Câmara dos Deputados e à Assembleia Legislativa é o mesmo nhem-nhem-nhem das eleições anteriores. As mesmas falas pobres cunhadas na década de 1980 quando voltaram as eleições democráticas.
Em nenhum momento vê-se a mínima colocação sobre os cenários futuros de Mato Grosso diante dos cenários brasileiros internos e externos. Velhos discursos gastos e sem conteúdo. Vou encerrar com um exemplo que se ouve nas entrevistas de todos os candidatos a todos os cargos parlamentares. “Vou cuidar da geração de emprego e renda. Atrair indústrias pra gerar emprego e renda.” Nada mais inapropriado. Emprego tem aos montes. Não tem é gente pra ocupar esses empregos. E os que tem, não possuem qualificação. Preparar recursos humanos em larga escala pros empregos que existem e os que surgirão aos milhares nos próximos anos é o grande problema. Logo, o discurso seria para a educação, não pra empregos. No geral está assim...
É assim que irão pras urnas os nossos candidatos. De olho no passado.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso.
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