• Cuiabá, 25 de Junho - 00:00:00

Hidrovia Paraguai-Paraná

               A hidrovia Paraguai-Paraná, entre Cáceres e Corumbá, tem 680 km. Tem ainda outro trecho nacional, até a foz do rio Apa, de mais 590 km. A hidrovia passa também pela Bolívia, Paraguai, Argentina e, depois de percorrer 3.400 km, sai no Atlântico, em Nova Palmira, Uruguai.

              Poderia ser chamada hidrovia do Mercosul, corta todos os países dessa integração econômica. No passado era por ela que se fazia a ligação de Mato Grosso e da capital Cuiabá com o Brasil do litoral. Ela é totalmente navegável.

                Mas essa navegação é feita mais no Mato Grosso do Sul do que em MT. No estado vizinho tem dois portos em Porto Murtinho, um em Corumbá e outro já quase entrando em funcionamento em Porto Esperança. Todos portos no Pantanal do MS. Transportam grãos, produtos industrializados, madeira, minério de ferro e tantos outros itens. Um comércio forte na hidrovia.

                Agora vem a antiga e repetitiva choraminga. Em Mato Grosso não se tem ainda portos na hidrovia. Sempre se tem barreiras levantadas por ambientalistas e a Justiça. Alega-se que a construção de portos, em nossa parte da hidrovia, traria impacto ambiental no Pantanal. Que poderia afetar a pesca e a vida ribeirinha.

                 A Justiça não permitiu portos em nosso trecho da hidrovia. Mas, interessantemente, a mesma Justiça não impediu os portos no MS que estão no Pantanal. Por que lá pode e aqui não? Mesma hidrovia, mesmo Pantanal, lá tem vários portos e em MT a coisa nunca foi permitida.

                Lembro da discussão, anos atrás, sobre esse assunto no momento que se falava em construir um porto em Morrinhos. Um membro da Justiça Federal me disse, fazendo chacota, que o porto estava “Mortinho", tinham conseguido impedir aquela tentativa. Atuações naquele momento ajudaram até a cimentar campanhas eleitorais de pessoas contra os portos e a hidrovia.

                Hoje, no trecho de hidrovia no estado, se tem a tentativa de construir dois portos: Paratudal e Barranco Vermelho. A coisa não desata. Burocracia, papeleira e disse-me-disse que não permite que o assunto deslanche. No MS tudo caminha numa boa. Vi fotos de porto sendo construído lá, armazéns e estrada para chegar com mais facilidade no porto. Aqui tudo emperrado.

                Chegam a inventar que, para viabilizar os portos no estado, seria necessário cortar meandros ou aprofundar leito do rio. Como e porque se faria isso para se ter um porto? Que também barcaças, no futuro, bateriam nas margens do rio. Não tem nada disso, o rio tem profundidade e largura suficiente para barcaças. No MS não tem nada disso, por que aqui teria?

              Todas as barcaças, no futuro, se permitirem os portos, seriam monitoradas por satélite. Esse monitoramento poderia ser feito por qualquer entidade ou grupo que pedisse acesso a isso. Falam até mesmo em colocar um monitoramento em órgão da Justiça para que seguisse no ato toda navegação pelo rio.

               Nada disso, até agora, não convence e MT fica sem navegação nessa hidrovia enquanto no MS se tem quatro portos. Incompreensível.

 

Alfredo da Mota Menezes é professor, escritor e analista político.

E-mail: pox@terra.com.br site: www.alfredomenezes.com



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