Reconheço a importância isolamento, entre outras iniciativas sanitárias, para retardar e/ou abaixar a linha pandêmica do Coronavírus, fundamentalmente entre os idosos e infantes com menos de dois anos de idade, fumantes e diagnosticados com outras comorbidades, como diabetes e outras doenças crônicas.
Apenas me incomodou inicialmente ver esse debate omitir a realidade brasileira, como continua ocorrendo na grande mídia, que prefere retratar o confinamento de artistas, ao invés das palafitas, tratando os desiguais, como se fossem iguais, sem cobrar medidas de governo para nivelar essa desigualdade e amenizar a hecatombe programada para estourar entre os pobres, os autônomos e desempregados, ante uma doença importada pelos mais afortunados, diretamente para quem está sem cobertura social, fruto das medidas neoliberais dos últimos anos.
Agora que começou um movimento nesse sentido, despertando para o outro lado da moeda, da economia de subsistência, das necessidades vitais à sobrevivência, a despeito da pandemia em si.
Há um problema estrutural maior do que a pandemia, o desmonte do Estado Social e do SUS. Com um colchão como o da Alemanha, o pânico seria menor.
Riqueza acumulada e inversão de prioridades é a chaga do Brasil, desde sua colonização extrativista e predatória, com escravidão dos negros e dizimação dos povos originários, chamados de indígenas.
Os testes rápidos para o Coronavírus deve chegar ao mercado não por menos de R$ 300,00, a unidade, em parte, por conta da alta desvalorização do real perante o dólar, já que os insumos são importados.
Poderíamos estar recebendo kits de testes do Coronavírus por atacado da China, mas o governo preferiu criar um embate diplomático, ao invés de aprofundar a parceria entre os dois países.
Médicos cubanos estão desembarcando na Itália. Foram praticamente mandados embora do Brasil. Perdemos um contingente de profissionais altamente especializados em medicina sanitária e preventiva.
É hora do lobby perante o Governo Federal de fazer do Revalida instrumento de Reserva de Mercado ser revisto. A formação em alguns países da América Latina em medicina sanitária é maior que no Brasil.
Cortes de água e luz deveriam ser proibidos no país inteiro, depois renegocia-se as contas, igualmente perante o sistema financeiro e crediários.
Fora isso, política de renda mínima, pois ainda tem aluguel, mercado, entre outras necessidades básicas.
Dinheiro tem! Se as grandes fortunas fossem taxadas em apenas 3% e diminuísse um décimo o pagamento da dívida pública, já teríamos 100 bilhões de reais para investir em UTI, Máquinas de Oxigenação, Testes Rápidos e Políticas de Distribuição de Renda Cidadã, para subsidiar o isolamento, a prevenção e o tratamento dos casos críticos.
Precisamos decidir sobre qual modelo civilizatório queremos, egóico ou solidário, inclusivo ou excludente, provedor da vida ou máquina mortífera.
Paulo Lemos é advogado especialista em Direito Eleitoral e Público-administrativo, professor, palestrante, seminarista, conferencista e articulista.
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